Título: 10 milhões de jovens não têm emprego na América Latina
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2007, Economia, p. B8
Relatório da OIT mostra ainda que 33 milhões estão na informalidade.
Cerca de dez milhões de jovens - o equivalente a 16% da força de trabalho de 15 a 24 anos - estão desempregados na América Latina e no Caribe, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado ontem em Santiago, no Chile. O documento da OIT mostra que 'o desemprego, a informalidade e a inatividade espreitam o futuro de quase 106 milhões de jovens latino-americanos e caribenhos no mercado de trabalho'.
A taxa de desemprego na faixa dos 15 aos 24 anos é três vezes maior que a dos adultos (5%). Cerca de 31 milhões de jovens estão empregados na economia informal, sob péssimas condições de trabalho.
Cerca de 22 milhões não estudam nem trabalham e estão em posição de risco social, enquanto um terço dos emigrantes da região são jovens. 'Persiste o fato de que o jovem tem um nível de desemprego três vezes maior que os adultos e do total de 22 milhões de jovens que não estudam nem trabalham 72% são mulheres', declarou o diretor-geral da entidade, o chileno Juan Somavía, ao apresentar o relatório. 'Acho que a América Latina pode e deve fazer mais pelos jovens', afirmou.
Para Somavía, os jovens são essenciais para incluir a região na globalização e existe a 'urgência' na criação de políticas para o trabalho juvenil. 'Esta é a juventude mais instruída que tivemos. Apesar de estar marginalizada, não conseguir trabalho. O potencial de criatividade, de manejo das tecnologias, inovação e produtividade é enorme, caso haja condições para que isso aconteça.'
O diretor-geral da OIT alertou que, caso não existam oportunidades, os jovens estão condenados ao desemprego, a empregos precários e a entrar em um círculo vicioso de pobreza, o que afeta a auto-estima.
O relatório sobre Trabalho Decente e Juventude na América Latina mostra ainda que, dos 58 milhões de jovens que integram a força de trabalho da região, 48 milhões estão inativos, ou seja, não têm nem procuram empregos porque estudam.
O documento faz parte do marco do plano de ação Trabalho Decente nas Américas: uma Agenda Hemisférica, 2006-2015. Segundo a OIT, a intensidade e a continuidade do desemprego, aliadas às más condições trabalhistas dos jovens, são um desafio que pede 'estratégias coerentes ao invés de ações isoladas, além de uma visão integral e integrada ao invés de aproximações parciais'.
A OIT propõe uma série de iniciativas para melhorar as condições de trabalho dos jovens, como um marco institucional efetivo, melhoras na educação, priorização da qualidade dos empregos, proteção social e um marco de regulamentação adequado. 'Os jovens levam energia, talento e criatividade às economias, e nenhum país pode desperdiçar este potencial', encerrou Juan Somavía.