Título: Irmão de Renan escapa de punição na Câmara
Autor: Manzano Filho, Gabriel
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2007, Nacional, p. A6

Momentos depois de o Conselho de Ética ter aprovado o pedido de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi a vez de o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) sentar-se no banco dos réus do colegiado da Câmara. Mas ao contrário do irmão, Olavo não precisou fazer nenhum esforço para convencer o conselho de sua inocência. À exceção de Chico Alencar (PSOL-RJ), todos os conselheiros saíram em sua defesa.

Segundo a revista Veja, Olavo teria vendido à Schincariol, por R$ 27 milhões, a fábrica de refrigerantes Conny, de sua propriedade, mas que valeria no máximo R$ 10 milhões. ¿O julgamento não é da Schincariol e, sim, do deputado¿, argumentou o relator do caso, Sandes Júnior (PP-GO), que admitiu ter recebido R$ 50 mil da cervejaria para a campanha de 2006. Sandes confessou ter se reunido em seu gabinete com representantes da empresa, mas para tratar do caso.

¿Isso é um absurdo. O relator recebeu doação de campanha da Schincariol e deveria se julgar impedido de relatar esse caso¿, acusou Alencar.

O Senado deverá arquivar representação semelhante contra Renan, que teria atuado em favor da cervejaria no INSS e na Receita Federal, após a venda da Conny. ¿Os representantes da cervejaria mostraram todas as certidões comprovando que não há débitos com o INSS ou a Receita¿, disse Sandes.

Em duas horas de depoimento, Olavo recebeu a solidariedade dos integrantes do conselho contra as acusações de que seu nome estaria envolvido também em licitações investigadas na Operação Navalha, da Polícia Federal. ¿Tudo não passa de picuinha¿, resumiu o deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP). ¿Não vi nada consistente nas denúncias¿, afirmou Paulo Piau (PMDB-MG).

Assim como Renan, Olavo abusou dos adjetivos para se defender: disse que as denúncias não passam de ¿mentiras baratas¿, ¿ataques vulgares e gratuitos¿, além de afirmar ser alvo de ¿perseguição política¿ do PSOL.