Título: Ministro nega crise e diz concordar com nota militar
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2007, Nacionais, p. A8

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou ontem que exista alguma aresta entre ele e os militares por conta do lançamento do livro Direito à Memória e à Verdade, que traz a versão oficial sobre presos políticos que desapareceram no regime militar (1964-1985). Os comandantes das três Forças não compareceram à cerimônia para lançamento da publicação, na quinta-feira, e no dia seguinte divulgaram nota dizendo ser ¿inaceitável o cala-boca¿ de Jobim. O ministro afirmou na ocasião que quem reagisse ao livro ¿teria resposta¿.

Ontem, após participar em Brasília da solenidade de Troca da Bandeira, Jobim declarou encerrado o assunto. Para ele, o fato de setores ligados aos militares reformados terem a memória da época da ditadura pode provocar alguma discordância.

O ministro reafirmou que quando o Alto Comando resolveu emitir a nota ele foi procurado. E disse concordar com a opinião de que há duas versões para a história. Para Jobim, a nota ¿narra um fato¿. ¿E volto a repetir que nada mais teimoso do que o fato.¿ Ele lembrou que a meta da Lei da Anistia, de 1979, é promover conciliação e pacificação e refutou sua revisão com base na tese de que houve crime de tortura, segundo a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Na cerimônia, seu interlocutor mais freqüente foi o comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto.