Título: Resultado no campo melhorou, mas ainda é fraco
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2007, Economia, p. B5

A produtividade do agricultor brasileiro passou de US$ 1,9 mil em 1980 para US$ 4,5 mil em 2005

A produtividade de um agricultor no Brasil mais que dobrou em 25 anos. Mas ainda é inferior a 10% do que produz um trabalhador do campo nos Estados Unidos. Segundo o levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o setor agrícola foi o único a apresentar um incremento de produtividade no País desde 1980, com um aumento da taxa de 3,6% em valor agregado por trabalhador por ano.

Em 25 anos, a produtividade do agricultor brasileiro passou de US$ 1,9 mil em 1980 para US$ 4,5 mil em 2005. Se os setores de pesca e madeira forem somados, a produtividade chega a US$ 5,7 mil por ano.

Ainda assim, a produtividade de um trabalhador rural no Brasil é apenas uma fração de um americano, que cria por ano ao PIB dos Estados Unidos cerca de US$ 52 mil. O trabalhador rural brasileiro produz para a economia um valor inferior ao argentino. No país vizinho, um trabalhador no campo agrega US$ 18,5 mil à economia por ano em produtividade.

A OIT também destaca que um dos problemas no Brasil é o grau de informalidade e subutilização de mão-de-obra na economia. No País, dados de 2003 apontam para a existência de 22 milhões de pessoas trabalhando na informalidade, 34% de todos os empregos existentes. Na América Latina, de cada dez empregos criados em 2006, sete foram no setor informal.

Um dos resultados desse cenário acaba sendo a baixa remuneração dos trabalhadores. No Brasil, 10% dos trabalhadores ganhavam menos de US$ 1 por dia em 2004, cerca de 8,1 milhões de pessoas. Entre os trabalhadores que ganham menos de US$ 2 por dia no Brasil, a taxa foi de 26,9%, cerca de 22 milhões de pessoas. Uma das preocupações da OIT é com o fato de que muitos que encontraram emprego não tem condições de se sustentar com o que ganham. Cerca de 1,5 bilhão de trabalhadores, um terço da mão-de-obra mundial, está sendo subutilizada pelas economias.

Na Ásia, cerca de 148 milhões de pessoas em dez anos saíram da linha da pobreza (US$ 1 por dia de salário). Na América Latina, a taxa da população com essa renda caiu de 12% em 1996 para 8% em 2005. No Brasil, a taxa era de 7,6% em 2003.

O relatório também constata que a agricultura perdeu seu lugar de maior empregador do mundo em 2006, superado pelo setor de serviços, com 42% da mão-de-obra mundial. Na agricultura estão 36,1%, contra 21% no setor industrial.