Título: Empresas aéreas regionais tentam virar alternativa à TAM e à Gol
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2007, Negócios, p. B11
Quatro dos principais grupos vão investir US$ 370 milhões para a compra de 37 aviões até 2011
As empresas regionais de aviação, que têm sido apontadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, como ferramentas para combater o duopólio da TAM e da Gol no setor aéreo, tentam ganhar musculatura para se tornarem realmente uma opção. Quatro das principais representantes desse segmento - Trip (interior de São Paulo), Total (Minas Gerais), NHT (Rio Grande do Sul) e PumaAir (Pará) - estão investindo US$ 370 milhões para a aquisição de 37 aviões até 2011.
Os investimentos estão sendo realizados, segundo os representantes dessas empresa, na esperança de que haja uma regulamentação para o setor, que no ano passado respondeu por 1,82% dos vôos domésticos, patamar parecido ao verificado desde 2002.
Só a Trip planeja desembolsar US$ 200 milhões para a aquisição de 12 turboélices da franco-italiana ATR, conta o presidente da companhia, José Mário Caprioli dos Santos. De acordo com ele, são modelos ATR 72-500, para cerca de 70 passageiros. Cada avião custa, em média, US$ 17 milhões. A empresa atende 34 cidades em 11 estados com 10 aviões. Até 2009, a Trip planeja servir mais 20 cidades.
A Total programou investimento de US$ 150 milhões para trazer 10 turboélices da ATR, sendo seis modelos 42-500, para 47 passageiros, e quatro 72-500, para cerca de 70 passageiros. Atualmente a frota da empresa é composta por 15 aviões, sendo quatro cargueiros, para voar para 28 cidades, com 80 vôos diários. 'Com a chegada das novas aeronaves, pretendemos melhorar o atendimento às cidades onde a Total já opera e expandir a operação dentro de Minas e de Estados limítrofes', afirma o presidente da empresa, Alfredo Meister Neto.
Fundada em 28 de agosto do ano passado, a gaúcha NHT Linhas Aéreas está investindo US$ 18 milhões para montar uma frota de seis aeronaves da LET, fabricante da República Checa. São bimotores turboélices para 19 passageiros, que operam em 10 cidades da Região Sul. O diretor-comercial da companhia, Jeffrey Kerr, conta que está mantendo negociações para a aquisição de até três aviões de 50 a 70 lugares a partir do final de 2008. 'Como estou operando em mercados de baixa demanda de transporte aéreo, em todos os destinos que atendo não há concorrência', afirma Kerr.
A PumaAir, sediada em Belém, tem atualmente três aviões na frota, sendo um Gran Caravan, avião da Cessna para 9 passageiros, e dois Brasília, da Embraer, para 30 passageiros. A companhia, que atende seis cidades da Região Norte, planeja contar com mais 10 aviões até 2011, por meio de arrendamento - um investimento que deve chegar a US$ 2,5 milhões.
LIMITAÇÃO
Para ganhar espaço, as empresas regionais também querem que o governo limite a utilização de aviões de mais de 100 assentos em pelo menos 123 cidades consideradas de média e baixa densidade de tráfego aéreo. A proposta foi apresentada ao ministro Nelson Jobim há duas semanas pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transportes Aéreos Regionais (Abetar), Apostole Lack. Segundo ele, as empresas regionais usam, em média, aviões com 50 lugares, enquanto as empresas de grande porte têm condições de oferecer passagens mais baratas porque usam aviões para 140 passageiros.
'Isso acontece desde as décadas de 60 e 70, quando companhias de maior porte voavam em cidades pequenas com aviões maiores do que as regionais. A concorrência predatória é cíclica', diz Lack, lembrando que as companhias regionais servem atualmente 150 cidades. Exceto as 27 capitais, todas as demais localidades são consideradas de média e baixa densidade de tráfego aéreo, diz.
Para Santos, da Trip, o que vem preocupando as empresas regionais é o code share (acordo de compartilhamento de assentos) entre a BRA e a OceanAir. 'Eles estão entrando em cidades de média e baixa densidade com preços predatórios.'
Por meio de nota, a OceanAir disse que 'estabelece suas tarifas dentro da lei da oferta e da procura do setor, conforme regulamento da aviação'. O diretor de marketing da BRA, Luiz Barreto, afirma que a empresa fez um planejamento estratégico e técnico que comprova que os aeroportos de cidades de menor demanda podem receber aviões com mais de 100 lugares. Ele também discorda das alegações de dumping e preços predatórios. 'Até entendo a preocupação das empresas regionais, mas por outro lado elas estão solicitando uma reserva de mercado', afirma. .
NÚMEROS US$ 200 milhões é a previsão de investimentos da Trip Linhas Aéreas, do interior de São Paulo, para a aquisição de 12 turboélices da fabricante franco-italiana ATR. Cada avião tem capacidade para cerca de 70 passageiros
US$ 150 milhões é quanto prevê investir a mineira Total na compra de 10 turboélices, também da ATR. Seis aviões terão capacidade para 47 passageiros, enquanto os outros quatro terão capacidade para cerca de 70 passageiros
US$ 18 milhões devem ser gastos pela gaúcha NHT Linhas Aéreas para montar uma frota de seis aviões da LET, da República Checa. São bimotores turboélice para 19 passageiros
US$ 2,5 milhões é a previsão de gastos da PumaAir, de Belém, para aumentar sua frota dos atuais três aviões para 13 até 2011. A expansão será feita por meio de arrendamento