Título: A inflação não vai voltar, diz Lula
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2007, Economia, p. B3

Presidente apóia decisão do Copom de diminuir o ritmo de queda da taxa de juros de 0,5 para 0,25 ponto porcentual

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma entrevista concedida a rádios, na manhã de ontem, e um pronunciamento em rede nacional, à noite, para destacar o esforço do governo no controle da inflação. Ele também respaldou a decisão tomada quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir o ritmo da taxa básica de juros (Selic).

Lula lembrou que o BC decidiu reduzir a taxa em ¿apenas¿ 0,25 ponto porcentual, ante 0,50 nas duas reuniões anteriores. ¿É porque não arredaremos o pé da nossa responsabilidade¿, justificou. ¿Quem estiver apostando na volta da inflação para ganhar dinheiro, quero aproveitar a rádio para dizer: tirem o cavalo da chuva.¿

Foi o próprio Lula quem levantou, na entrevista no Palácio do Planalto, o tema do aumento da inflação. Ele disse que alguns setores da economia, como o da alimentação, têm elevado os preços. Mas reiterou que o governo não permitirá que a inflação volte. ¿Porque na hora em que a inflação voltar, o prejuízo é direto no bolso das pessoas que vivem de salário, no bolso das mais pobres.¿

O presidente lembrou momentos de inflação alta. ¿Já aconteceu em outros momentos, em que parecia que tudo estava certo e, daqui a pouco, desarranjava tudo¿, disse. ¿A inflação, quando atinge dois dígitos, ninguém segura mais.¿

No pronunciamento à noite, ele destacou o aumento, ¿há 14 semestres seguidos, do consumo das famílias¿, do recorde de vendas do comércio varejista e do crescimento Produto interno Bruto (PIB).

¿Precisamos e vamos crescer mais, mas isso não significa que possamos baixar a guarda contra a inflação¿, disse. ¿Ao contrário, é tempo de vigilância e alerta permanente. Só assim teremos força - como estamos tendo - para enfrentar os abalos externos e os problemas internos.¿

No rádio, Lula usou parte da entrevista para fazer discurso desenvolvimentista. Nos intervalos, também falou da necessidade de gastos em infra-estrutura. Ele fixou um prazo para que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) se tornem visíveis.

¿As pessoas vão ver o resultado do PAC em fevereiro¿, afirmou. ¿Esse PAC vai revolucionar.¿ Ele disse que um dos problemas da execução do PAC é a falta de mão-de-obra especializada. ¿Com o PAC, estamos vendo que não tem engenheiro¿, afirmou.

O presidente voltou a dizer que o País está no caminho de ter uma economia sólida e respeitada. ¿O Brasil está a caminho de ser um país que possa, definitivamente, fazer parte do rol dos chamados países ricos¿, avaliou.

Ele destacou também a importância de expandir o mercado interno, sem tirar o foco dos negócios no exterior. ¿Não queremos abdicar ou diminuir o impacto do mercado externo, mas achamos que o mercado interno é a mola propulsora da sustentabilidade do modelo econômico e do crescimento¿, avaliou.