Título: Primeiro-ministro chinês promete segurança a investidor estrangeiro
Autor: Kuntz, Rolf
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2007, Economia, p. B8
Wen Jiabao diz que reforma política continuará e que problemas de segurança nos produtos serão resolvidos
O governo chinês continuará a reforma econômica e manterá o compromisso de construir uma ¿economia socialista de mercado¿, disse ontem o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, na sessão de abertura do Fórum Econômico Mundial. Num discurso voltado em grande parte para o investidor estrangeiro, o presidente do Conselho de Estado falou sobre ¿o papel fundamental do mercado¿ na alocação de recursos. Acenou com mudanças institucionais para fortalecer o estado de direito, expandir a ¿democracia popular¿ e promover a eqüidade social e a justiça. ¿Sem reforma política, a reforma econômica não terá êxito¿, afirmou.
Prometeu segurança aos investidores e maior proteção à propriedade intelectual, como forma de estimular a inovação tecnológica. ¿Quero reiterar que a política de abertura da China permanecerá claramente inalterada¿, afirmou. ¿Melhoraremos o sistema, assim como as leis e regulamentos que governam as atividades econômicas estrangeiras e as tornaremos mais compatíveis com as práticas internacionais e com as normas da Organização Mundial do Comércio. Isso proporcionará um ambienta mais favorável às companhias estrangeiras, particularmente as empresas voltadas para o crescimento, para fazer negócios na China.¿
Parceiros comerciais também foram contemplados. A China, disse o primeiro-ministro, prega a solução de problemas comerciais por meio de consultas e está pronta para cooperar com todos os demais países e suas comunidades empresariais com base na igualdade e no benefício mútuo.
Em nenhum momento a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi mencionada, embora a China seja membro do Grupo dos 20 (G-20), organizado por iniciativa do Itamaraty em 2003.
O discurso voltou-se também para o dia-a-dia do comércio. O governo chinês, segundo primeiro-ministro, leva muito a sério a qualidade dos produtos e a segurança dos alimentos e está ¿trabalhando arduamente¿ para ¿resolver problemas nessa área¿. Nos últimos meses, houve problemas de segurança com medicamentos, rações para animais e brinquedos fabricados na China. Não foram citados discurso, mas a mensagem foi clara.
De modo geral, disse, a economia da China está em boa forma, marcada ¿por um crescimento sustentado e rápido, desempenho financeiro saudável, comércio exterior crescente e padrões de vida em elevação¿.
Mas há problemas, admitiu: crescimento excessivamente veloz, ¿agudas tensões estruturais, padrão ineficiente de crescimento, depredação de recursos naturais, degradação ambiental, crescente pressão nos preços e resistentes obstáculos estruturais e institucionais¿.
A solução para isso virá com reformas e com a execução de políticas, incluída a energética, voltadas para a economia de recursos e para a proteção do ambiente.
Entre 1978 e 2006, a economia chinesa cresceu em média 9,7% ao ano, abriu seu mercado e abandonou o planejamento semifechado. ¿De outro lado¿, continuou o primeiro-ministro, ¿quero dizer, com franqueza, que a China é ainda um país em desenvolvimento com grande população, alicerces econômicos fracos e uma produtividade subdesenvolvida. Essa realidade permaneceu basicamente inalterada. A economia da China é grande, mas em termos de PIB per capita ainda fica atrás de mais de uma centena de países¿. A modernização, completou, continua sendo um objetivo de longo prazo.
O primeiro-ministro encerrou o discurso com uma saudação às economias de crescimento global, que são ¿muitíssimo dinâmicas, competitivas e promissoras¿ e desempenham ¿um papel chave no desenvolvimento econômico mundial¿.
O Fórum Econômico Mundial escolheu a República Popular da China para celebrar os ¿novos campeões¿, essas empresas que se destacam pelo crescimento associado à internacionalização de suas operações. O governo da China aproveitou para passar seu recado aos dirigentes dessas companhias.