Título: Por 7 a 0, BC corta juro em 0,25 ponto
Autor: Pereira, Renée e Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2007, Economia, p. B1

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, reduzir o ritmo de queda da taxa básica de juros (Selic) de 0,5 para 0,25 ponto porcentual na reunião de ontem. Com o 18º corte consecutivo, a Selic chegou a 11,25% ao ano.

O resultado ficou dentro da aposta majoritária do mercado, mas trouxe dúvidas em relação à postura do BC na próxima reunião do Copom, nos dias 16 e 17 de outubro. Alguns analistas viram o consenso na votação como uma sinalização de que haverá mais um corte de 0,25 ponto e não a interrupção do ciclo de redução. Outros entendem o contrário. Portanto, a janela está aberta para qualquer decisão.

No comunicado após a reunião, os dirigentes do BC explicaram que 'o Copom avaliou a conjuntura macroeconômica e considerou que neste momento o balanço de riscos para a trajetória prospectiva da inflação ainda justificaria estímulo monetário adicional. Dessa forma, o Comitê decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa para 11,25% ao ano, sem viés'.

Além disso, o comunicado destaca que o Copom irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até a reunião de outubro para, então, decidir os próximos passos na sua estratégia de política monetária. 'Se o cenário externo se acomodar nas próximas semanas será possível contar com um novo corte em outubro e até mesmo em dezembro', avalia o sócio da Paraty Investimentos, Marco Franklin. Mesma percepção tem o diretor para mercados emergentes do banco WestLB, Ricardo Amorim, que prevê mais dois cortes de 0,25 ponto.

Para o professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Márcio Holland, ainda há espaço para cortes da Selic superiores a 0,5 ponto até o fim do ano. Segundo ele, no cenário de inflação, o que pode jogar a favor é o aumento da taxa de investimentos no País. Isso deve manter a inflação dentro da meta de 4,5%. O IPCA, para ele, tem grandes chances de fechar o ano abaixo de 4%.

O diretor de pesquisas macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, acredita que é melhor parar agora para observar o cenário. 'Mas não fecho a porta para reduções em 2008. Tudo vai depender do tamanho do choque de alimentos e do cenário global afetando o câmbio.'

O diretor do Goldman Sachs para mercados emergentes, Paulo Leme, reforça a aposta de Barros. Para ele, o fim do ciclo de flexibilização da Selic está mais próximo. O analista pondera que o comunicado do Copom deixa a 'porta aberta' para a próxima decisão.