Título: Iphone fica US$ 200 mais barato
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2007, Negócios, p. B15

Movimento surpreende mercado e derruba ações da empresa, que também lançou nova geração de iPods.

A Apple anunciou ontem uma redução de US$ 200 no preço do iPhone, aparelho que mistura telefone celular com tocador de música digital lançado no final de junho. O preço do aparelho com capacidade de armazenar 8 gigabytes de dados caiu de US$ 599 para US$ 399. Além disso, o iPhone de 4 gigabytes, que custava US$ 399, deixou de ser vendido. A decisão veio em um momento em que crescem os rumores de que o Google estaria prestes a lançar um aparelho para concorrer com o iPhone - já apelidado de GPhone.

A redução do preço do iPhone foi um movimento atípico para a Apple, que normalmente só mexe nos preços dos produtos mais antigos. Segundo analistas, a queda de preços deve aumentar as vendas, permitindo possivelmente que a Apple consiga atingir a meta definida por ela mesma de vender 1 milhão de iPhones até o fim deste mês. Na Bolsa de Nova York, as ações da empresa caíram 5,06%, sendo cotadas a US$ 136,86.

'Vai certamente ajudar as vendas, mas a que custo?', perguntou o analista Tim Beyers, da empresa de pesquisa e investimentos The Motley Fool. 'As pessoas que compraram o iPhone há algumas semanas ou meses vão ficar bastante incomodadas, e com razão podem pensar duas vezes antes de serem as primeiras a comprarem futuros produtos da Apple. Isso mostra um pouco de desespero, o que é incomum para a Apple.'

A Apple, que detém mais de 70% das vendas de tocadores de música digital nos EUA com o iPod, também deu ontem mais uma mostra de que não pretende abrir espaço para os rivais - especialmente o Zune, lançado no final do ano passado pela Microsoft. A empresa apresentou novos modelos de iPods, incluindo um com tela sensível ao toque e acesso sem fio à internet, o iPod Touch. Horas antes, a Microsoft havia anunciado uma redução de US$ 50 no preço do Zune, uma forma de tentar abocanhar uma fatia maior do mercado - tem pouco mais de 2% das vendas de tocadores de música digital nos EUA.

O iPod Touch tem preços, nos Estados Unidos, de US$ 299 (com 8 gigabytes de capacidade de armazenamento) e US$ 399 (16 gigabytes). O tocador de música tem a mesma tela sensível ao toque do iPhone e traz instalado um navegador de internet. Com isso, os usuários do aparelho poderão comprar músicas via rede sem fio quando estiverem na rede de cafés Starbucks.

A Apple também anunciou que alguns outros modelos de iPod - sem a tela especial - terão capacidade ampliada para 80 e 160 gigabytes. Já o iPod Nano mudou de formato (ficou mais quadrado), ganhou uma tela para visualização de vídeos e mais memória. Em outro movimento anunciado ontem, o novo iPod Shuffle será lançado em cinco cores diferentes.

CONCORRÊNCIA

O Zune, da Microsoft, teve seu preço reduzido de US$ 249 para US$ 199. 'É parte do ciclo de vida normal dos produtos', escreveu Cesar Menendez, funcionário da Microsoft, no blog Zune Insider. Apesar de existirem várias opções de cores, só há uma opção de capacidade de armazenamento para o Zune - 30 gigabytes. O concorrente iPod oferece uma grande variedade de formatos e tamanhos.

O analista Matt Rosoff, do grupo de pesquisa Directions, apontou que a Microsoft deve anunciar novos modelos do Zune para as festas de fim de ano e que, até lá, será injusto comparar o Zune com o iPod, que domina o mercado. 'Eles vão bem, levando-se em conta que competem somente contra um modelo de iPod', disse Rosoff.

Desde que a Apple lançou o iPhone, os analistas têm tentado tirar dos executivos da Microsoft comentários que dêem indicações de que a empresa prepara um celular Zune para o fim do ano. Rosoff acha, porém, que isso é pouco provável. Segundo ele, a empresa está bastante dedicada à idéia de fornecer software para os fabricantes de celulares.

O GPhone, do Google, também ainda não passa de um rumor muito persistente. Mas uma coisa é certa: o Google, que fez quase US$ 11 bilhões este ano com publicidade na web, investe fortemente para atender ao mercado potencialmente lucrativo das buscas nos celulares.