Título: Mattel diz que novo recall de brinquedos é preventivo
Autor: Fernandes, Adriana e Lacerda, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2007, Negócios, p. B18

Empresa está recolhendo 850 mil brinquedos no mundo, sendo 7 mil no Brasil, por excesso de chumbo na tinta.

Apesar de não divulgar o nível de excesso de chumbo identificado na tinta dos seus brinquedos, a gigante fabricante Mattel procurou ontem tranqüilizar os consumidores brasileiros ao assegurar que não há motivos para pânico com o novo recall anunciado na terça-feira passada.

'Não há perigo. Só há riscos num contato por tempo muito prolongado. Mas recomendamos a devolução do brinquedo', afirmou o diretor-geral da Mattel no Brasil, Alejandro Rivas. O chumbo, em contato prolongado com o corpo humano, pode causar de dores de cabeça a dano cerebral.

A Mattel protocolou ontem ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça documentação sobre o novo recall da empresa, que atinge no Brasil cerca de 7 mil produtos.

No mundo, são cerca 850 mil brinquedos que devem ser recolhidos nesse quinto recall da empresa desde novembro do ano passado - três deles atingiram o Brasil. O novo recall está sendo feito porque os brinquedos, fabricados por três empresas terceirizadas na China, estão comprometidos com excesso de chumbo na tinta. Os contratos com essas empresas foram cancelados.

Segundo Rivas, o novo recall é '100% preventivo' e não há nenhum caso identificado de contaminação no Brasil e no mundo. Mas a Mattel não informou o nível de chumbo encontrado nas tintas dos brinquedos que serão retirados do mercado. 'Informações tão técnicas não têm porque estarem disponíveis', justificou o diretor financeiro da Mattel no Brasil, Ronald Schaffer. Para ele, essa divulgação poderia causar desinformação ao consumidor.

A Mattel já está realizando no Brasil o recolhimento de 850 mil brinquedos das linhas Polly, Batman e Barbie&Tanner, incluídos no recall feito em agosto passado. Cerca de 50 mil pessoas entraram em contato com a empresa e se cadastraram no recall. Mas ainda não houve troca do produto ou ressarcimento em dinheiro. A empresa justificou que os processos estão na fase de opção do consumidor.

Segundo Schaffer, a Mattel praticamente já concluiu todo o processo de análise dos lotes de brinquedos fabricados nos últimos dois anos e não espera novos recalls. Mas o dirigente garantiu que a qualquer indício de problemas a Mattel não se furtará a fazer uma nova chamada.

Apesar do novo recall, a Mattel mantém os planos de vendas previstos até o final do ano. Mas os dirigentes admitiram que os recalls devem causar prejuízos para a imagem e as vendas. Eles não forneceram estimativas.

A Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio) acredita que haja uma queda na venda de brinquedos da Mattel até a semana do Dia das Crianças, mas que os recalls não devem afetar o setor como um todo. 'Criança quer brinquedo, e no Brasil há muitas outras opções para os consumidores', diz Fernanda Della Rosa, diretora da assessoria econômica da Fecomércio. 'Esse foi um problema pontual.'

Os dirigentes da Mattel também comunicaram ontem o recall ao secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat. O ministério baixou na semana passada portaria aumentando o controle das importações de brinquedos.

O DPDC vai acompanhar o andamento do recall e poderá multar a empresa, se apurar problemas durante o processo de troca dos brinquedos ou se identificar que houve lentidão do fabricante em fazer a convocação. Segundo fontes ouvidas pelo Estado, a empresa deverá ser multada pelo DPDC.

A partir de hoje, o Procon-SP vai fiscalizar lojas de São Paulo para procurar os brinquedos do novo recall. 'Caso alguma esteja comercializando os produtos, terá de pagar multa de R$ 200 a R$ 3 milhões', explicou o assessor chefe do Procon-SP, Carlos Coscarelli.