Título: BC chinês teme efeitos da crise imobiliária
Autor: Kuntz, Rolf
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/09/2007, Economia, p. B8

Fan Gang, do comitê de política monetária, diz que exportações chinesas podem ser prejudicadas

A China poderá ser prejudicada caso a crise do setor imobiliário dos Estados Unidos afete o crescimento econômico e reduza a demanda por seus de produtos, disse na sexta-feira Fan Gang, membro do comitê de política monetária do Banco Central chinês.

¿Se o mercado imobiliário dos Estados Unidos realmente cair (...) toda a economia mundial terá um problema. As exportações chinesas certamente teriam um problema¿, disse Fan aos jornalistas durante uma entrevista no Fórum Econômico Mundial.

Mas o diretor do BC chinês também disse que o maior risco para a China, a longo prazo, é que os bancos centrais relaxem a política monetária como resposta à turbulência dos mercados de crédito, e aportem mais liquidez para a economia mundial.

¿Assim, uma economia como a China, um país em desenvolvimento, ficaria exposta ao aumento do risco nos mercados globais¿, disse Fan.

O país já está se esforçando para absorver a liquidez excessiva gerada pelo seu superávit comercial, considerado recorde. Esse foi o motivo que levou as autoridades a determinarem um aumento de meio ponto porcentual nos depósitos compulsórios dos bancos, elevando-os para 12,5%, o sétimo aumento nesse ano, segundo Fan.

O diretor afirmou ainda que a recente emissão de 600 bilhões de ienes (US$ 80 bilhões) em bônus especiais para financiar o novo fundo especial chinês faria pouca diferença nas operações de esterilização do Banco Popular da China.

Segundo Fan, a emissão apenas deu ao BC um instrumento adicional para absorver efetivos do sistema financeiro.

Fan, que ocupa o posto do comitê reservado para um acadêmico, disse que ainda não havia detectado o fim da subida dos preços de alimentos e da inflação em geral.

O Índice de Preços ao Consumidor chinês cresceu 5,6% ao ano até julho. Porém, se forem retirados os alimentos da composição do índice, o aumento nos preços é de apenas 0,9%.