Título: Não queremos repartir o prejuízo americano, diz Lula
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2007, Economia, p. B3

Para o presidente, Brasil não pode ser prejudicado por problemas que não causou na crise financeira global

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem medidas do governo dos Estados Unidos para conter a crise global. Para ele, o Brasil não pode ser prejudicado por problemas que não causou. Em visita a Finlândia, primeiro dos quatro Países nórdicos por onde passará esta semana, ele disse esperar uma ação imediata dos americanos.

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'É um problema da política econômica americana, da ganância de alguns investidores que compraram títulos de risco imaginando que estavam em um cassino e tiveram prejuízo', disse o presidente. 'Não vamos aceitar que joguem nas nossas costas o prejuízo de um jogo que não jogamos. Se o lucro não foi repartido, muito menos queremos repartir o prejuízo.'

As declarações foram dadas na cerimônia de declaração à imprensa, no palácio presidencial finlandês, após o encontro com a presidente da Finlândia, Tarja Halonen, quando Lula respondeu a uma pergunta de jornalistas brasileiros.

'É preciso que os bancos centrais dos países envolvidos nessa situação assumam, o mais rapidamente possível, a responsabilidade pela solução dessa crise, para que ela não traga prejuízo para os países que, como o Brasil, passaram décadas sem crescer', disse. 'Não podemos jogar fora essa oportunidade por causa de apostadores que tentam ganhar dinheiro fácil.'

Lula disse que acompanha, com atenção, a crise financeira global, mas repetiu que o Brasil está sólido e tem hoje reservas financeiras de US$ 160 bilhões. Além disso, afirmou, a balança comercial brasileira não depende de apenas um país e hoje os Estados Unidos, foco central da crise, corresponde a apenas 18% de todo o comércio exterior brasileiro.