Título: Por 40 a 35, Renan escapa da cassação e Senado segue em crise
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2007, Nacional, p. A4

Oposição vê ameaça a outros dois processos e promete até derrubar a CPMF Em troca do apoio do Planalto, senador deve pedir licença do cargo Deputados trocam socos com seguranças, mas conseguem assistir à sessão secreta CNBB e outras entidades criticam absolvição Presidente do Senado continua sendo alvo de inquérito

Em clima tenso, mas protegido por sessão e votos secretos, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi absolvido ontem pelo plenário - por 40 votos a 35 - da acusação de ter contas pessoais pagas por um lobista. Outros 6 colegas se abstiveram no julgamento por quebra de decoro parlamentar.

Temendo que os outros dois processos e uma representação contra o alagoano esfriem, a oposição insistiu que ele não pode presidir o Congresso e ameaçou derrubar a CPMF. ¿O calvário não é só dele, agora é nosso¿, reagiu Demóstenes Torres (DEM-GO).

Renan, que na sessão bateu boca e fez ameaças, deixou o Senado aliviado: ¿Vou para a igreja rezar.¿ Seguiu, porém, para um encontro com José Sarney (PMDB-AP) e aliados. Depois, por nota, falou em ¿decisão madura¿ e ¿vitória da democracia¿.

A salvação do mandato teve a ajuda do Planalto e do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), mas com preço definido - deve se licenciar e entregar o cargo ao vice-presidente, Tião Viana (PT-AC). Já Lula soube do desfecho do caso quando tomava café com a rainha da Dinamarca, Margrethe II, em um castelo.

Foi um dia de tumulto. Antes da votação, houve troca de socos entre deputados e seguranças. Ao final, veio a reação da sociedade, por entidades como a CNBB. E a crise continua - além das novas denúncias, Renan ainda é alvo de inquérito no STF.