Título: EUA rejeitam painel contra subsídio para o milho
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2007, Economia, p. B7

O governo americano rejeitou a ofensiva brasileira de questionar os subsídios à produção de milho usado na fabricação do etanol. Para a Casa Branca, o biocombustível deve ser considerado um produto industrial e não um bem agrícola. Portanto, o questionamento dos subsídios nessa área não poderiam fazer parte de uma disputa no setor agrícola.

Ontem, o Estado revelou que o Brasil decidiu seguir adiante com seu processo na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios americanos, podendo incluir programas de apoio à produção de etanol nos mais de 70 mecanismos de subsídios nos Estados Unidos. Representantes americanos procuraram diplomatas brasileiros na OMC e pediram esclarecimentos.

Para analistas que acompanham a questão energética, tudo indica que a classificação do etanol se transformará em uma guerra nos próximos meses. 'As isenções que existem para o etanol não podem ser consideradas subsídios agrícolas. Relatamos à OMC todos os anos a existência desses incentivos e acreditamos que devam ser tratados como subsídios industriais', afirmou Joe Glauber, negociador-chefe dos EUA no setor agrícola.

O Brasil concorda que o etanol não deve ser considerado produto agrícola. Mas lembra que sua base de fabricação nos EUA - o milho - recebe subsídios bilionários e que uma proporção cada vez maior dessa produção é destinada ao biocombustível. O etanol americano tem cerca de 200 mecanismos de apoio e recebe US$ 7 bilhões por ano. O tema promete ser relevante na campanha presidencial nos EUA.

A iniciativa brasileira faz parte de uma estratégia de pressionar o governo americano a ceder em sua posição na Rodada Doha. A Casa Branca insiste em manter seus subsídios, o que vem emperrando as negociações.

'O Brasil faz um favor ao questionar os subsídios nos EUA. Isso deve ser visto como um passo importante para pressionar os americanos a reduzirem seus subsídios', disse ao Estado Jagdish Bhagwati, professor da Universidade de Columbia, nos EUA, especialista em comércio internacional.

AJUDA

Enquanto a Rodada Doha não caminha e os países têm dificuldades em aproximar suas posições, a OMC e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) realizam a partir de hoje, em Lima, um encontro para debater formas de ajudar os países em desenvolvimento a tirar melhor proveito do comércio.

A idéia é aumentar a competitividade, reduzir a burocracia e adaptar a produção à exportação. 'O Brasil pode contribuir muito nisso', afirmou o diretor da OMC, Pascal Lamy, que estará no encontro dos próximos dois dias no Peru. O Banco Mundial estuda destinar recursos para esse esforço de gerar competitividade.