Título: Pode faltar Barbie no Dia da Criança e no Natal
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/09/2007, Negócios, p. B13

A proibição das importações de brinquedos da Mattel pode atrapalhar lojas e consumidores no Dia da Criança. Mas o maior risco de faltar bonecas Barbie, a mais vendida no País, é na temporada de compras do Natal.Muitas lojas já fizeram suas compras para o Dia da Criança, segundo período mais rentável do ano para o setor. Quem não tem brinquedos da Mattel no estoque terá tempo hábil para substituir os produtos da empresa americana por nacionais.

A incógnita fica para o Natal, pois não há previsão de quando a proibição das importações deve ser revogada, e talvez o Brasil tenha um Natal sem Barbie.

A Mattel importa ainda as bonecas Polly, os carrinhos Hot Wheels e os brinquedos da linha infantil Fischer-Price. Apesar da proibição e dos recalls, a Mattel afirmou em nota que espera 'superar suas expectativas de vendas' este ano no País.

Para o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping Centers (Alshop), Nabil Sahyoun, a proibição de importações deve trazer prejuízo para as redes varejistas.

Segundo ele, a queda no faturamento das lojas será ainda maior por causa da proximidade do Dia da Criança. 'Todos saem perdendo: o setor de brinquedos, os consumidores e até o governo, que deixa de arrecadar ICMS.' O setor movimenta cerca de R$ 1 bilhão ao ano.

A Alshop não prevê falta de brinquedos para o dia 12 de outubro. Segundo Sahyoun, as grandes redes vão se abastecer com produtos nacionais, em substituição aos da Mattel. 'Ainda há tempo para repor as mercadorias.' Poderão entrar no Brasil os brinquedos da Mattel cuja saída dos países de origem seja anterior a 16 de agosto.

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Susumu Honda, acredita que não há motivo para a proibição das importações, já que a Mattel tomou as medidas adequadas em relação aos brinquedos com problemas. '

Ele admite, porém, que a medida do governo vai afetar as vendas. 'Um anúncio feito a poucos dias de uma data como o Dia da Criança vai deixar o consumidor em dúvida e desgastar o mercado.'Honda aposta que a Mattel vai conseguir reverter a proibição: 'O Brasil é um mercado importante para eles'.

O presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos, Synésio Batista, ameaça processar a Mattel se o setor tiver perdas no Dia da Criança. 'Resta saber se as pessoas vão deixar de comprar dessa empresa ou brinquedo como um todo. Se isso ocorrer, vamos processá-los.'

Para a coordenadora-executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Marilena Lazzarini, a decisão é um sinal de que haverá mais rigor no controle de segurança dos importados. 'O anúncio teve um sentido pedagógico.'