Título: Gasolina fica estável até o fim do ano
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2007, Economia, p. B3

Especialistas ratificam previsão do Copom, e disparada na cotação de petróleo não deve ter impacto nos preços

A recente disparada das cotações do petróleo deve provocar pouco impacto nos preços dos combustíveis no mercado brasileiro. A opinião é de especialistas consultados pelo Estado e tem respaldo do Comitê de Política Monetária (Copom), que divulgou ontem expectativa de manutenção no preço da gasolina até o fim do ano.

Segundo analistas, a Petrobrás não deve mexer nos preços da gasolina e do diesel com base nas cotações recentes. O cenário, porém, deve ter impacto no preço do gás boliviano, que será reajustado no próximo mês, e em combustíveis menos populares, como o querosene de aviação. Gasolina e diesel completam, em outubro, dois anos sem reajustes.

Apesar da evolução do preço do petróleo no período, porém, o mercado brasileiro é beneficiado pela valorização do real em relação ao dólar.

Quando a Petrobrás promoveu os últimos reajustes, em outubro de 2005, o barril de petróleo estava em torno dos US$ 60 e o dólar, a R$ 2,30 - ou seja, o barril custava R$ 138. Hoje, com o petróleo a US$ 80 e o dólar a R$ 1,91, a cotação do petróleo, em reais, gira em torno dos R$ 150 - uma alta de 8%. O sentimento geral, porém, é que as cotações voltarão a cair.

Para a equipe do banco de investimentos Banif, a cotação do petróleo voltará a cair em breve e deve fechar o ano entre US$ 68 e US$ 70 por barril. A Tendências Consultoria divulgou relatório ontem com posicionamento semelhante.

'Permanecemos assim com a expectativa de que o aumento dos preços internos não deve acontecer. Tal possibilidade só poderia ser levada adiante caso houvesse manutenção das cotações do petróleo e da gasolina nos atuais patamares elevados', conclui o texto, assinado pelo analista Bruno Salvaggi.

Hoje, mesmo com o petróleo em torno dos US$ 80, não há grande defasagem entre os preços internos e as cotações internacionais da gasolina e do diesel. Segundo cálculos de uma trading especializada em combustíveis, o diesel custa no Brasil, sem impostos, os mesmos R$ 1,11 da cotação americana. Já a gasolina apresenta uma defasagem de 5%: é vendida pelas refinarias da Petrobrás, também sem impostos, a R$ 1,03, enquanto sua cotação nos Estados Unidos é de R$ 0,98.

Embora reconheça um aumento no nível de incertezas sobre o futuro do mercado de petróleo, o Copom também acredita na manutenção do preço da gasolina, o que reduziria as pressões inflacionárias do ano, segundo ata da última reunião divulgada ontem. De acordo com o documento, o gás de botijão também não deve sofrer reajustes em 2007.

GÁS BOLIVIANO

Na opinião de analistas, a Petrobrás deve manter a política de reajustar com maior freqüência apenas combustíveis menos populares, como querosene de aviação e óleo combustível, que têm os preços alterados uma vez por mês. Estes devem sentir o impacto da alta do petróleo no último mês. Outro produto que terá repasse é o gás boliviano, com reajuste contratual previsto para o início de outubro.

Segundo cálculos da consultoria Gás Energy, o produto deve sofrer um reajuste entre 4% e 5%. O repasse ao consumidor, porém, dependerá da legislação de cada Estado.