Título: Investimento produtivo está decolando, afirma Coutinho
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2007, Economia, p. B5

Para o BNDES, taxa de investimento será de 21,1% do PIB em 2009, ante 17,7% este ano e 16,8% em 2006

O investimento produtivo no Brasil está 'decolando'. A avaliação é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para quem as condições econômicas do Brasil atualmente 'são extraordinariamente favoráveis'. A taxa de investimento do País, que no ano passado foi 16,8% do Produto Interno Bruto (PIB), alcançou 17,7% do PIB no segundo trimestre e deve chegar a 21,1% em 2009, de acordo com estudo da instituição. O mesmo trabalho previa que a taxa só chegaria a 17,6% no fim do ano.

'Estamos em uma curva de ascensão do investimento', afirmou. Os desembolsos do BNDES, que também funcionam como indicador do investimento, em 12 meses até agosto alcançaram R$ 61,7 bilhões. Foram principalmente para a indústria (R$ 30,6 bilhões) e para projetos de infra-estrutura (R$ 20,9 bilhões).

No mesmo período, o banco aprovou a destinação de R$ 89,7 bilhões para diversos tipos de operações, dos quais R$ 40,2 bilhões para indústria e R$ 36,9 bilhões para infra-estrutura.

Coutinho destacou que o investimento em máquinas e equipamentos e construção, a chamada formação bruta de capital fixo (FBCF), 'foi o principal puxador de crescimento da economia, com a indústria'.

Referia-se aos números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anteontem, que mostraram crescimento de 5,4% do PIB no segundo trimestre ante o mesmo período de 2006.

O presidente do BNDES disse estar 'feliz' com os resultados. Ele observou que o consumo está crescendo, mas os investimentos estão em ritmo mais elevado, tendo subido 13,8% de abril a junho em relação ao mesmo período do ano passado.

O economista ressaltou que a expansão está se dando em ambiente de inflação controlada e com o investimento indicando aumento da oferta de produtos. 'É absolutamente central para um crescimento entre 4,5% e 5,0% do PIB a manutenção da estabilidade (de preços).' Para ele, 'com a formação de oferta futura se controla a inflação no longo prazo'.

Coutinho afirmou que tem dito ao presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, que o BNDES vai ajudar o BC a controlar a inflação dessa forma, apoiando o investimento.

Em palestra na Associação e Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro, o economista mencionou que as taxas de juros no Brasil podem continuar caindo. Ele acredita que a economia mundial não vai desacelerar significativamente. 'A China não desacelera nem em 2007 nem em 2008 e dificilmente em 2009', disse. 'Pela primeira vez, a periferia vai sustentar o crescimento do centro da economia mundial, e a economia brasileira é uma das mais bem posicionadas para ajudar.'