Título: Embalagem supera expansão do PIB
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2007, Economia, p. B7

Termômetro da economia, indústria do papelão ondulado comemora crescimento de 5,3% neste ano, até agosto

A indústria brasileira de papelão ondulado, responsável pela produção de embalagem das embalagens, se prepara para um novo ciclo de investimentos no País. A manutenção dos níveis de exportação e a recuperação do mercado interno levaram o setor a um crescimento de 5,3% na produção de embalagens até agosto, informou ontem a Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO). O consumo acumulado de papelão no ano bateu a marca de 1,508 milhão de toneladas.

O setor é considerado um importante termômetro da atividade econômica. O papelão ondulado é o invólucro para dois terços dos produtos transportados no mundo. 'O mercado interno patinou no ano passado, enquanto as exportações seguiram forte. Neste ano, além da manutenção dos níveis de exportação temos a novidade da recuperação do mercado interno. São estes movimentos conjuntos que fazem o setor, até agora, crescer de forma firme este ano', diz Paulo Sérgio Peres, presidente da ABPO.

Ante esse cenário, a expectativa é que o setor mantenha o ritmo de crescimento até agora e feche o ano com vendas 5,5% maiores do que as realizadas em 2006. 'Pelo menos, acima de 5%', acredita Peres. O ritmo interno tem feito realmente a diferença. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo das famílias cresceu 5,9% no trimestre e tem sido um empurrão para o PIB. 'Há forte recuperação do setor agrícola, das vendas das indústrias de bens de consumo, da indústria automobilística. Tudo isso, ajuda a recuperação do setor de embalagens', diz Peres.

A indústria de papelão ondulado diz que tem capacidade para atender aos pedidos com folga. Até dezembro, a demanda atingirá 2,28 milhões de toneladas. A capacidade nominal está entre 2,7 milhões e 2,8 milhões de toneladas.

A Klabin, uma das principais produtoras de papel ondulado para embalagem do País, acaba de montar um grupo para avaliar novos investimentos a partir de 2008. 'Estamos num ano de crescimento firme que não deve sofrer alteração no próximo ano. A empresa já analisa que tipo de embalagem terá maior demanda para anunciar um novo investimento em 2008', diz José Taragano, diretor-gerente de embalagens da Klabin.

A empresa estuda a compra de nova máquina para produção de papelão ondulado e para conversão das placas de ondulado em caixas vendidas aos clientes finais. As indústrias de alimento, cosmético, higiene e limpeza, de produtos congelados (principalmente carnes) são os responsáveis pela forte demanda.

Roberto Nicolau Jeha, presidente da Indústria de Papel e Papelão São Roberto S.A., tem um projeto de US$ 10 milhões para construção de uma nova fábrica de papelão ondulado em Santa Luzia (MG), onde já possui uma unidade para produção de papel. Jeha diz que a demanda vai superar o PIB, mas, mesmo assim, ainda mantém temores para apostar num novo projeto neste momento. 'Ainda quero sentir mais confiança nessa retomada. Ainda não estou totalmente convencido', diz, cauteloso. As dúvidas de Jeha não se referem ao bom momento do mercado de embalagens, mas a fatores macroeconômicos - como infra-estrutura e condições de financiamento.