Título: Absolvição foi aval para ficar, afirma peemedebista
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2007, Nacional, p. A9

Renan rechaça hipótese de licença; encontro previsto com Lula não ocorre

Depois de cinco dias fora de Brasília, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reapareceu ontem mandando recados a seus opositores e ao governo. Primeiro, para rechaçar a hipótese de se afastar do cargo, disse que sua permanência na presidência da Casa foi referendada pelos colegas com sua absolvição pelo plenário na semana passada. Segundo, que a aprovação da prorrogação da CPMF é um problema do País, não dele.

Veja as acusações contra Renan

¿Licença, férias, isso nunca existiu¿, disse ele, mais uma vez, descartando a possibilidade de sair da presidência do Senado. Segundo ele, até terça-feira da semana passada - véspera de seu julgamento no Senado - a decisão de sair ou não do cargo era dele. ¿Depois de quarta-feira, a decisão com relação à minha inocência e à permanência no Senado é do Senado. Em todo parlamento democrático do mundo é assim: cabe à maioria decidir e à minoria entender, compreender.¿

Renan escapou da cassação por quebra de decoro parlamentar na quarta-feira passada com 40 votos pela absolvição e 6 abstenções - 35 dos 81 parlamentares votaram pela condenação.

O presidente do Senado chegou ao Congresso às 14 horas e não quis confirmar encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que solicitara depois da absolvição pelo plenário. ¿Eu falo com o presidente toda vez que é necessário e com muita naturalidade. Mas não há nada urgente para conversar. Eu ligo para ele, ele liga para mim. Nunca houve dificuldade¿, afirmou.

Interlocutores de Renan trabalharam para que o encontro não fosse realizado ontem a fim de evitar pressão do Planalto para que ele deixe a presidência do Senado.

Indagado sobre a votação da proposta de prorrogação da CPMF até 2011, ele afirmou que sempre tem colaborado com a governabilidade. ¿O País precisa disso. Vou colaborar no que puder, mas esse problema de CPMF não é do presidente do Senado. É um problema de governo, que tem de ser tratado pelos partidos, líderes, senadores, não pelo presidente do Senado.¿

Renan afirmou ainda que a não-prorrogação da CPMF causa preocupação, pois pode prejudicar o principal programa social do governo, o Bolsa-Família. ¿Se você não aprovar a CPMF, vai acabar com o Bolsa-Família, porque R$ 11 bilhões desse dinheiro são do programa¿, argumentou. ¿Esse é um assunto do País, não do presidente do Senado.¿

O presidente Lula, por sua vez, afirmou, durante reunião da coordenação política no Palácio do Planalto, que os problemas surgidos após a absolvição de Renan são assunto do Senado.

FRASES

Renan Calheiros Presidente do Senado

¿Licença, férias, isso nunca existiu¿

¿Eu falo com o presidente toda vez que é necessário. Mas não há nada urgente para conversar. Eu ligo para ele, ele liga para mim¿