Título: Ex-banqueiro pode trocar Maison d'Arrêt pelo Ary Franco
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2007, Economia, p. B6

Justiça do Rio reforça pedido de extradição e decreta prisão preventiva

Caso tenha o pedido de extradição concedido pela Justiça do Principado de Mônaco, Salvatore Cacciola trocará a prisão com ares de castelo, com vista para o Mediterrâneo, por um presídio no subúrbio do Rio. O novo destino do banqueiro em nada se parecerá com a Maison d'Arrêt, cercada por palácio real, igreja histórica e um museu oceanográfico.

No Rio, na condição de condenado, ele deverá ser mandado para o presídio Ary Franco, na calorenta Água Santa, às margens da Linha Amarela. O presídio, que abrigou recentemente o pagodeiro Belo, já foi palco de inúmeras rebeliões. Por ser formado em Administração, Cacciola tem direito a cela especial.

Autor da denúncia que levou à condenação a 13 anos de reclusão do banqueiro, o procurador regional da República, Arthur Gueiros, vai ajudar a elaborar o pedido de extradição. 'Ele foi condenado por crime contra o sistema financeiro e peculato. Nenhum dos dois se confunde com crime de sonegação fiscal. Em uma extradição o que importa é o fato ser ilícito nos dois países. O peculato (beneficiar-se de dinheiro público) é crime desde a Roma antiga, em qualquer país civilizado.'

A juíza da 5ª Vara Federal Criminal do Rio, Simone Schreibe, decretou ontem a prisão preventiva de Cacciola, por crime de empréstimo vedado e gestão temerária de instituição financeira. Destacou que o país ao qual será feito o pedido de extradição tem de ficar 'oficialmente informado de todos os processos criminais que correm no Brasil contra o acusado'.

O Itamaraty e o Ministério da Justiça receberam com otimismo a informação de que autoridades judiciais de Mônaco expressaram 'interesse' e 'boa vontade' em colaborar.