Título: O BC e a liquidez do sistema financeiro
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2007, Economia, p. B2

Desde que a emissão de títulos da dívida púbica federal se tornou monopólio do Tesouro Nacional, o Banco Central (BC) atuou apenas no mercado aberto e de swap cambial, fazendo leilões de títulos com compromissos de recompra ou renegociação no mercado secundário de títulos federais registrados na Selic. Fora dos círculos especializados, no entanto, não se presta muita atenção ao grande volume dessas operações.

A nota que o BC publicou ontem, referente a julho, mostra que o instituto de emissão foi ativo nas operações de mercado aberto, com a oferta de títulos com compromissos de recompra em cinco ou sete meses.Com essas operações, as autoridades monetárias regulam a liquidez. Em julho, as operações compromissadas somaram R$ 21,8 bilhões. Mesmo considerando as recompras vinculadas a operações anteriores, essas operações tiveram, no mês, um efeito contracionista de R$ 12,9 bilhões.

Paralelamente, o BC administra a liquidez bancária de curto prazo, comprando reais a uma taxa fixada em leilão, podendo recusar a taxa de remuneração oferecida. Em julho, o BC interveio em 21 dos 22 dias úteis, retirando essas reservas bancárias por prazos, em geral, de um ou dois dias úteis, que, às vezes, são ampliados. O BC também regula liquidez por meio de operações de swap.

O BC usa ainda o mercado secundário de títulos federais para regular a liquidez do sistema financeiro, fazendo operações definitivas de recompra de títulos. Em julho, tais operações somaram R$ 12,7 bilhões, com redução de 22,1% em relação ao mês anterior. São operações realizadas também para consolidar o mercado dos títulos da dívida interna, dando ao investidor a certeza de que suas aplicações terão liquidez.Com essas recompras, o BC também ajuda o Tesouro Nacional a colocar no mercado títulos de prazo maior, pois o investidor sabe que poderá negociar esses papéis em caso de necessidade, ainda que com pequena perda.

Finalmente, existem operações compromissadas, excluídas as realizadas a partir da carteira do BC, que em julho atingiram uma média diária de R$ 276,8 bilhões.

Atenção toda especial deverá ser dada a essas operações em agosto e setembro. A partir delas se poderá avaliar os efeitos da perturbação no mercado internacional sobre as necessidades de liquidez do Brasil, que parecem ser pequenas, ao contrário do que ocorre em alguns países industrializados.