Título: Para Meirelles, ninguém é imune à turbulência
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2007, Economia, p. B4

Brasil está melhor porque depende menos do exterior

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem, no Rio, que o Brasil entrou definitivamente na rota do crescimento sustentável, por causa da previsibilidade da economia e do crescimento ancorado no consumo, no emprego e na renda. Segundo ele, tal ambiente vai impulsionar ainda mais o investimento estrangeiro e nacional no País. Meirelles, no entanto, reconhece que ninguém está imune a uma crise nos Estados Unidos.

¿A turbulência não é boa para ninguém. E ninguém é imune à turbulência. O que estamos dizendo é que o Brasil está muito melhor preparado para isso¿, disse, após participar da 4ª Conferência Brasileira de Seguros, Resseguros, Previdência Privada, Saúde Suplementar e Capitalização. Para ele, o Brasil tem hoje uma economia impulsionada pela demanda doméstica, menos dependente do mercado internacional.

¿Agora, é evidente que todos temos de olhar com atenção, porque crise numa economia grande como a americana não é bom para ninguém¿, afirmou Meirelles.

O presidente do BC evitou comentar a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que, na quinta-feira, mostrou preocupação com a inflação por causa do aquecimento da demanda interna. Para analistas, embora o Copom tenha reduzido a taxa de juros básica (Selic) em 0,25 ponto porcentual na semana passada, foi dado um sinal de que a trajetória de queda da taxa pode ser interrompida.

¿A ata é auto-explicativa, bastante cuidadosa, despendemos bastante tempo na ata, tomando cuidado para que ela expressasse tudo que tínhamos a dizer. Portanto, não há nada mais a acrescentar¿, afirmou o presidente do BC.

O crescimento da demanda doméstica está sendo possível por causa do aumento do emprego e da renda, avaliou. Meirelles destacou que em julho deste ano em relação a julho de 2006 a massa salarial teve crescimento real de 5,4%. Já o consumo das famílias, lembrou, avançou 6% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três primeiros meses de 2006.

Meirelles lembrou que o País viveu um quadro de vulnerabilidade externa porque a economia dependia da liquidez do mercado internacional, por causa do déficit em conta corrente. ¿Evidentemente que esse assunto foi deletado. O Brasil fez uma profunda transformação competitiva na sua economia e hoje nós temos um saldo comercial gerado por exportações fortes, vigorosas e competitivas, o que leva o Brasil a ter saldo em conta corrente¿, afirmou.

No passado, considerou o presidente do BC, a economia brasileira estava sujeita ¿a arrancadas e freadas¿, o que resultou numa taxa média de crescimento do PIB de 1,9% de 1999 a 2003. De acordo com ele, o crescimento médio de 2004 a 2007 é de 4,2%, reafirmando a estimativa de 4,7% para este ano.