Título: Se atacado, Irã bombardeará Israel
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2007, Internacional, p. A15

Teerã revela planos de retaliação e diz que população está preparada para a guerra; Casa Branca critica anúncio

AP, AFP E REUTERS

Teerã - Em resposta às ameaças do Ocidente de atacar o Irã se o país não suspender seu polêmico projeto nuclear, Teerã revelou ontem que já tem planos de defesa e retaliação, incluindo um possível bombardeio a Israel. A declaração foi feita dois dias antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU, na qual novas sanções serão discutidas contra o governo do presidente Mahmud Ahmadinejad.

¿Já desenvolvemos uma estratégia para contra-atacar Israel com nossas bombas se eles cometerem esse erro¿, disse o vice-comandante da Força Aérea, Mohammad Alavi. O ministro da Defesa, Mostafa Mohammed Najjar, disse ter várias opções para responder à ameaça. ¿Usaremos uma delas se necessário.¿ A Guarda Revolucionária divulgou nota afirmando que ¿já preparou a população para um possível confronto¿.

A reação iraniana veio à tona após o recente pedido dos EUA para que a comunidade internacional intensifique as sanções contra o Irã e, principalmente, depois da declaração do ministro do Exterior francês, Bernard Kouchner. No domingo, ele disse que a França estava preparada para a possibilidade de uma guerra por causa do programa nuclear iraniano.

A Casa Branca criticou os comentários de Alavi sobre Israel. ¿(A declaração) não é construtiva e parece uma provocação¿, disse a porta-voz, Dana Perino. ¿Israel não está em busca de guerra com seus vizinhos. E nós todos estamos procurando, com o Conselho de Segurança da ONU, um modo para que o Irã cumpra suas obrigações.¿ A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que os EUA estão comprometidos com a democracia, mas ¿não descartam nenhuma opção¿.

Segundo analistas, uma das opções que poderiam ser usadas por Teerã para se defender seria bloquear o tráfego no estratégico Estreito de Ormuz, entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, por onde passa quase metade do suprimento mundial de petróleo. Cerca de 90% de todo o petróleo exportado pelos produtores do Golfo Pérsico é transportado por Ormuz.

Bombardear o Irã atrasaria seu programa nuclear, mas desencadearia um perigoso ciclo de violência na região, apontam os analistas. Alguns estudos americanos indicam que bastaria um ataque aéreo com 2 bombas guiadas e 24 bombas de penetração para destruir a central nuclear subterrânea de Natanz.