Título: Web muda vida de morador de favela
Autor: Werneck, Felipe e Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2007, Metrópole, p. C7

Acesso gratuito amplia opções em Heliópolis

Fátima de Souza Amaro não sabia até dois anos atrás que diabos era aquela tal de internet. ¿Não sabia mexer naquele troço, achava muito complicado, não entendia nada¿, diz a cabeleireira de 42 anos, 20 deles morando em Heliópolis, a maior favela da cidade de São Paulo. Ainda assim, de 2005 para cá, ¿aquele troço¿ acabou mudando um pouco a sua vida e a da sua família. Pelos 16 computadores do Telecentro do bairro, o marido mecânico enviou currículos e conseguiu um emprego, o filho de 12 anos aprendeu computação e ela mesma pôde aumentar a clientela do salão onde trabalha imprimindo folhetos.

¿Todos aqui na região aprenderam a usar a internet¿, conta Fátima. O Telecentro de Heliópolis foi montado no segundo andar do sobrado da União de Núcleos, Associações e Sociedades dos Moradores de Heliópolis (Unas), o maior centro de atuação social dentro do bairro. Funciona das 9 às 18 horas, no número 38 da Rua da Mina. Inaugurado em 2003, o local conta com acesso gratuito à internet em alta velocidade. Há também cursos curtos, de noções básicas até aulas de programação e edição de imagens.

Desde 2001, foram inaugurados 160 centros municipais com computadores e internet gratuitos bancados pela Prefeitura. Isso representa cerca de 1,1 milhão de usuários cadastrados. Por dia, a Unas calcula que entre 100 e 150 pessoas passem pela sua unidade - de crianças que querem jogar ou fazer trabalhos escolares até adultos que procuram melhorar o currículo. ¿Todo mundo usa, é o meio mais democrático de todos¿, diz João Miranda, diretor da associação.