Título: Renan quer manter voto secreto
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2007, Nacional, p. A5

Peemedebista é contra projeto aprovado na CCJ

No mesmo dia em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o fim do voto secreto, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), confidenciou que, enquanto estiver no cargo, trabalhará contra a proposta. Renan escapou na semana passada da cassação graças ao voto secreto. ¿Enquanto eu estiver aqui, isso não passa¿, afirmou Renan, segundo relato de parlamentares.

A proposta de emenda constitucional aprovada anteontem na CCJ dificilmente será votada em 2007, ainda que Renan se licencie do cargo ou perca o mandato por conta das outras três representações contra ele. Oposição e governo reconhecem que a aprovação na CCJ foi mais fruto da ¿pressão da sociedade¿.

¿A pressão da opinião pública levou a essa aprovação. Mas claramente é sabido que muitos estão mentindo¿, avaliou Demóstenes Torres (DEM-GO). ¿Em algumas situações, como delegar que um diplomata vá para missão, o voto secreto é justificado até para questão de segurança nacional. Mas, entre tudo ser fechado ou tudo ser aberto, melhor que tudo seja aberto.¿

Líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC) disse que a sigla já fechou questão pelo voto aberto. Mas reconheceu que a possível aprovação do fim do sigilo não será tarefa fácil. ¿Aprovar emenda onde há consenso é muito rápido. Mas, quando há divergência, o próprio regimento faz com que a tramitação se estenda por anos.¿ Esse, aliás, será o discurso de Renan: o de que só está seguindo o regimento.

Autor da proposta de emenda derrubada em 2003 que abria o voto em quase todas as situações, Tião Viana (PT-AC) considera ¿um gesto impensado¿ a iniciativa de acabar com o sigilo em todas as situações. ¿Terminou prevalecendo a disputa política em vez do bom senso.¿

Ontem, ao chegar ao Senado, Renan reiterou que não se afastará do cargo, mesmo com a oposição obstruindo as sessões. ¿Nunca pensei em tirar licença. Nunca pensei em me afastar. Eu disse para vocês. Isso não faz parte da minha personalidade. Eu vou provar minha inocência onde quer que haja necessidade de prová-la.¿