Título: Lula libera e empenha R$ 100 milhões em emendas para vencer 1º turno
Autor: Lopes, Eugênia [et al.]
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2007, Nacional, p. A7

Entre segunda e quarta-feira, foram liberados R$ 68,8 milhões e reservados outros R$ 37,9 milhões

O Palácio do Planalto abriu os cofres para aprovar a prorrogação da CPMF. Entre segunda e quarta-feira, quando foi aprovado o projeto, o Palácio do Planalto liberou R$ 68,8 milhões do Orçamento de 2006 e 2007 e empenhou outros R$ 37,9 milhões referentes ao Orçamento deste ano. O governo compromete, assim, mais de R$ 100 milhões com pleitos dos partidos aliados para garantir a cobrança da CPMF até 2011.

Do Orçamento de 2007, foram liberados nos três primeiros dias da semana R$ 47,2 milhões. As emendas contempladas foram principalmente as feitas pelas bancadas de partidos da base aliada, de acordo com levantamento feito pelo DEM e pelo PSDB no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), onde são registradas todas as operações com o dinheiro do Tesouro. Nos partidos, o que mais recebeu dinheiro nos últimos três dias foi o PDT, que obteve R$ 500 mil. O PT ficou com R$ 125,5 mil. No mês de setembro nenhum partido tinha recebido sequer um centavo até a véspera da votação.

Nas verbas empenhadas, o PSDB foi o mais bem-aquinhoado: R$ 7,5 milhões, seguido do PMDB, com R$ 1,28 milhão, e do PT, com R$ 1,22 milhão. O PC do B ficou com R$ 1 milhão. O PR obteve R$ 700 mil e o DEM, R$ 332,5 mil. Os partidos restantes não foram beneficiados com empenho de verbas.

Além das verbas do Orçamento de 2007, o governo liberou também restos a pagar de 2006. Só nesta semana, foram R$ 21,6 milhões, quantia igual a tudo o que tinha sido pago nos primeiros 16 dias de setembro. Ao todo, neste mês, o Planalto já entregou para as emendas dos parlamentares R$ 43,3 milhões.

O partido que mais recebeu dinheiro de 2006 em setembro foi o PMDB, coincidentemente, o dono da maior bancada, com 93 deputados, e também o que criou mais caso antes de votar a CPMF. Ao todo, em setembro, o PMDB recebeu R$ 2,3 milhões. Entre segunda e quarta, o partido ficou com R$ 245 mil, atrás do PT, que recebeu R$ 509,7 mil, do PSDB, que levou R$ 343,3 mil e do DEM, com R$ 341,2 mil. No PSDB, houve uma dissidência, a de Manoel Salviano (CE), ligado ao ex-governador Lúcio Alcântara, agora no governista PR; no DEM, foram três os infiéis.

`CRONOGRAMA¿

Embora o governo tenha apressado a liberação de emendas parlamentares e a distribuição de cargos, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares, Guia negou ontem a prática de vincular votações de interesse do governo ao atendimento de demandas dos aliados. ¿Não precisamos comprar ninguém¿, disse. ¿A liberação de emendas obedece a um cronograma e isso não só é normal como legítimo.¿