Título: Lula se compara a venezuelano e diz que também é incompreendido
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2007, Nacional, p. A13
O clima pesado do encontro entre os presidentes Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, foi disfarçado publicamente por meio da insistência do brasileiro em apontar que é tão incompreendido e criticado por seus opositores quanto seu ¿companheiro¿ bolivariano. Em sua declaração à imprensa, Lula afirmou que, assim como Chávez, é vítima dos que não querem aceitar a existência de um ¿governo progressista¿, que concentra suas ações nas camadas mais pobres da população, e dos boatos disseminados para atrapalhar a aliança estratégica entre os dois países.
¿Você tenha a certeza que tem no governo brasileiro e na minha pessoa para os bons e os maus momentos¿, afirmou Lula, que defendera pouco antes a importância do bom entendimento bilateral no processo de integração sul-americana, em sintonia com o discurso de Chávez. Para Lula, as versões publicadas de que seu relacionamento com Chávez não estaria bom não passam de ¿intrigas¿ e de ¿boatos¿. Insistiu ainda em que nada impedirá o Brasil de aprofundar sua relação estratégica com a Venezuela.
Entusiasmado, Lula afirmou que os povos da Venezuela e do Brasil compreendem a prioridade dos dois governos aos mais desfavorecidos. Em seu ponto de vista, ambos os povos conquistaram cidadania e o compromisso com a democracia, e seus governos construíram um ¿alicerce¿ para o desenvolvimento e a justiça social. Para ele, os dois países seriam muito mais ricos se tivessem adotado as atuais políticas há mais tempo.
Lula reafirmou sua máxima de que o Brasil ¿vive o melhor momento político e econômico dos últimos 30 anos¿ e que a Venezuela segue na mesma linha. Em referência à pesquisa do Pnad, divulgada na semana passada, insistiu em que seu governo conseguiu melhorar as condições de vida dos brasileiros - um esforço que ¿outros não conseguiram em décadas¿. Para ele, ¿é um prazer¿ ver seus críticos se depararem com tais dados.
Apesar da cumplicidade política, Lula dobrou apenas parcialmente a resistência de Chávez à sua campanha pelos biocombustíveis. Compradora de etanol do Brasil, a Venezuela pretende ampliar suas compras externas de álcool, mas escolheu outro fornecedor - a Citgo, subsidiária da PDVSA instalada nos Estados Unidos, país que fabrica o combustível a partir do milho. ¿Você vê na televisão, às vezes, a briga do Chávez com o Bush e você lembra que os EUA ainda são o principal parceiro comercial da Venezuela, como também é do Brasil¿, disse Lula.