Título: Sindicatos ameaçam paralisar a França
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2007, Internacional, p. A18
Ferroviários organizam greve contra a proposta de reformas de Sarkozy, que ontem foi à TV defender as medidas
Sindicatos franceses começaram a mobilizar-se para paralisar o país, após a proposta de uma série de reformas - trabalhista, previdenciária e do funcionalismo público - anunciada nesta semana pelo presidente Nicolas Sarkozy. Os sindicatos criticaram duramente os planos do governo.
De acordo com o líder da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) para servidores públicos, Jean-Marc Canon, as propostas de Sarkozy foram uma ¿declaração de guerra¿. Num discurso transmitido ontem pela TV, o presidente francês defendeu as mudanças e disse que não se intimidará.
No que pode ser o primeiro grande teste do governo, sindicatos dos maquinistas planejam paralisar o setor ferroviário do país no dia 17. Os metroviários de Paris também estudam uma greve e os funcionários públicos decidirão na próxima semana se cruzam ou não os braços. No discurso de ontem, Sarkozy disse estar disposto apenas a negociar o prazo para a realização das reformas, ressaltando que não discutirá seus méritos. ¿Se houver problemas, enfrentaremos.¿ Na terça-feira, o presidente propôs o fim das aposentadorias especiais dos maquinistas e outros setores, e disse que pretende relaxar a limitação da jornada de trabalho semanal a 35 horas. Um dia depois, anunciou a redução de cargos no serviço público - anunciando uma política de aumento salarial com base no mérito. Sarkozy, no entanto, aproveita-se de sua alta popularidade para obter a aprovação dos franceses para as reformas. Além disso, seu partido, o conservador União pelo Movimento Popular (UMP), controlará o Parlamento pelos próximos cinco anos.
Ontem, ele obteve uma vitória importante na Assembléia Nacional, com a aprovação da nova lei de imigração do país, também contestada por vários setores franceses - incluindo membros de seu governo. As novas regras exigirão que os futuros imigrantes provem que têm domínio da língua francesa e condições de se sustentarem financeiramente.
A medida mais polêmica, porém, é a proposta de submeter parentes de imigrantes legais a testes de DNA para que obtenham também um visto francês. A lei será votada pelo Senado em outubro.