Título: Bush pedirá a Lula abertura maior da indústria
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2007, Economia, p. B8

Em contrapartida, presidente dos EUA promete reduzir subsídios agrícolas

O presidente americano, George W. Bush, vai pedir para seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que o governo do Brasil aceite abrir seu setor industrial seguindo o texto proposto pela Organização Mundial do Comércio (OMC), da mesma maneira que os Estados Unidos acenaram com a possibilidade de reduzir os subsídios agrícolas conforme as recomendações da OMC.

Bush e Lula vão se encontrar em Nova York na segunda-feira, acompanhados da representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab, e do ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim.

Segundo uma fonte do governo americano, Bush e Schwab vão pedir que o Brasil ¿una-se aos Estados Unidos¿ e aceite as recomendações da OMC. ¿Concordamos em trabalhar em cima dos dois textos, agrícola e de bens industriais - não apenas em cima do agrícola¿, aponta o funcionário americano. A delegação americana na OMC indicou, na quarta-feira, que aceitaria reduzir os subsídios agrícolas para uma faixa entre US$ 13 bilhões e US$ 16,4 bilhões.

Essa nova oferta era considerada essencial para destravar as negociações da Rodada Doha. Mas diplomatas brasileiros afirmam que apenas uma redução para o nível mais baixo proposto pela OMC, de US$ 13 bilhões, seria aceitável. E alguns países afirmam que essa oferta não está ligada a contrapartidas no setor industrial, ao contrário do que pretendem os Estados Unidos.

A iniciativa americana ocorre em um momento de definição na OMC. A entidade tem até outubro para chegar a um acordo e todos, inclusive seu diretor - o francês Pascal Lamy -, admitem que será difícil um entendimento a partir do momento que a campanha eleitoral nos Estados Unidos ganhar espaço. ¿O relógio está correndo¿, afirmou Lamy. Segundo ele, porém, já há números sobre a mesa que permitiriam uma aproximação entre os governos.

Em outubro, a OMC deverá publicar o que espera ser um rascunho revisado do futuro acordo e levará em conta essas indicações. Para alguns diplomatas latino-americanos, a proposta de ontem dos Estados Unidos não é suficiente para que um acordo seja fechado.

Além de Doha, os dois presidentes vão discutir a parceria do etanol e temas ligados a meio ambiente e energia limpa. No fim da semana que vem, Bush vai promover em Washington o Encontro das Grandes Economias sobre Segurança Energética e Mudança Climática, coordenado pela secretária de Estado Condoleezza Rice. Mas o evento terá participação apenas de escalão técnico.