Título: Tucanos saem em defesa de Azeredo
Autor: Assunção, Moacir [et al.]
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2007, Nacional, p. A10

Senador, acusado de envolvimento em esquema em Minas, recebe apoio de Serra, Tasso, Virgílio e Alckmin

Um dia após ter dito que a campanha na qual foi acusado de se envolver com o chamado mensalão mineiro era a mesma do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) foi socorrido ontem por uma mobilização tucana em sua defesa. A ofensiva teve o engajamento do governador José Serra, do ex-governador Geraldo Alckmin, do presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e do líder no Senado, Artur Virgílio (AM).

¿Não há mensalão mineiro nenhum¿, afirmou Serra, em São Paulo, saindo em defesa do senador mineiro. ¿Eu quero dizer que o Azeredo é um homem íntegro, honesto, um grande caráter.¿

Ele classificou de ¿não pertinentes¿ as acusações de que o partido teria isolado Azeredo, embora ele próprio tenha adotado comportamento cauteloso depois que o senador virou alvo de denúncias. ¿É uma sensação dele (se sentir abandonado), mas não é uma realidade¿, disse.

Alckmin fez questão de diferenciar o mensalão petista do caso mineiro. Para o ex-governador, que deu palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o escândalo que envolveu políticos ligados ao governo Lula está vinculado a corrupção e troca de apoio parlamentar por votos, enquanto o caso no qual estaria envolvido Azeredo tem características de caixa 2 de campanhas eleitorais.

Em Brasília, Tasso disse que ¿compreende a indignação e o sofrimento de um homem honesto diante das acusações que vem sofrendo¿. Para ele, Azeredo ¿vai repor a verdade o mais rápido possível, porque não existe nenhuma ligação entre a campanha eleitoral dele e qualquer outra campanha do partido¿.

Apesar das declarações públicas de compreensão, em conversas reservadas senadores e deputados demonstraram contrariedade com a referência de Azeredo à campanha de Fernando Henrique. Virgílio conversou com o colega mineiro e disse que ele havia sido ¿infeliz¿ ao ligar as duas campanhas.

Alguns tucanos lembraram que o PSDB ¿foi enganado¿ quando surgiram as denúncias sobre o mensalão na CPI dos Correios. A queixa é de que Azeredo não havia informado o partido da relação financeira de sua campanha com o empresário Marcos Valério e a agência de publicidade SMPB.

¿Eu só soube que havia participação da SMPB ao fim da campanha, e não foi pela minha mão que ela participou. Quem mobilizou a agência do senhor Marcos Valério foi Clésio Andrade (candidato a vice na chapa de Azeredo). A agência que nós contratamos foi a do Duda Mendonça¿, disse ontem Azeredo.

Sobre a frase citando a campanha à reeleição de Fernando Henrique, Azeredo se explicou: ¿Apenas constatei que é assim que as coisas acontecem, que as campanhas se cruzam, principalmente para os cargos majoritários.¿