Título: Peemedebistas escancaram manobra e oposição comemora
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2007, Nacional, p. B2

Enquanto o Planalto buscava ontem alternativas jurídicas para ressuscitar a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, os senadores do PMDB comemoravam. As lideranças peemedebistas não esconderam que tramaram a derrota do governo e os senadores da oposição festejaram a carona na insatisfação do PMDB.

Nas entrevistas ao longo do dia, o líder do partido, Valdir Raupp (RO), passou a clara sensação de que a bancada havia feito o dever de casa ao demonstrar ao Planalto que sem a maioria de seus votos - foram 16 dos 19 senadores - nada será aprovado. ¿Quando vota 100% das matérias, falam que o PMDB é vaca de presépio, só balança a cabeça para o governo. Quando vota contra uma matéria, aí já é rebeldia, é querer desestabilizar o governo¿, disse Raupp. A rebelião foi um aviso de que o grupo pode inviabilizar a votação da CPMF. ¿Se é um governo de coalizão, precisa haver parceria na base¿, reclamou Raupp, que se sente desprestigiado no governo.

Na prática, o certo é que ninguém foi surpreendido pela rebeldia. Nem mesmo o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR). Ele admite que não faltaram motivos para ¿a manifestação legítima da bancada¿. ¿É preciso um pouco mais de cuidado do governo com o Senado. Aqui se nota um pouco de carência. Todo mundo busca sentimento. Eu mesmo sou carente.¿

O líder diz ter recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a recomendação de ¿ter tranqüilidade e trabalhar para juntar a base para votar a CPMF e outras matéria importantes¿. De maneira irônica, acrescentou: ¿A bancada tem todo o direito de dizer que está insatisfeita, mas não precisava ter chegado ao tiro no peito.¿

Para o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o que se viu na quarta-feira ¿foi a sessão mais combinada e mais inteligente do Senado¿.

Os peemedebistas dizem que a crise envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), levou o governo a se afastar do partido, desorganizou a base aliada e, conseqüentemente, levou à perda do controle da situação. ¿Estamos com o governo, mas a gente é que decide aqui¿, afirmou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG). ¿Se Renan não estivesse sob ataque nada disso teria acontecido.¿