Título: Choque de gestão é contratar mais gente, diz Lula
Autor: Rodrigues, Alexandre e Werneck, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/10/2007, Nacional, p. A7

Ele critica derrubada de MP que criava secretaria de Mangabeira e vê `mania¿ de apontar inchaço na máquina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a expansão do funcionalismo público ao inaugurar unidade de produção de vacinas na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Ele afirmou que o verdadeiro choque de gestão se dá com a contratação de funcionários públicos qualificados e bons salários.

Disse ainda não saber por que o Senado não aprovou a medida provisória que criava a Secretaria de Ações de Longo Prazo e 660 cargos. A secretaria seria dirigida por Roberto Mangabeira Unger - que em 2005 acusou o governo de ser o mais corrupto da história e pediu o impeachment de Lula. ¿Toda vez que se fala em fazer investimento, em contratar, as pessoas têm predisposição de ser contra. O Senado, ainda não sei qual a razão, votou contra uma MP e o pretexto era que estava evitando que o governo contratasse mais¿, disse. ¿Agora, ninguém atentou quantos professores deixaram de ser contratados para as universidades novas que estamos fazendo. Se quisermos fazer escolas técnicas e novas universidades e laboratórios, nós vamos ter que contratar mais gente.¿

Ele afirmou que o País precisa deixar de lado ¿a mania de achar que contratar gente é inchaço da máquina¿. Para Lula, foi difundida a falsa idéia, ¿num período não muito distante¿, de que todo servidor é ¿marajá¿ e o resultado são unidades de referência, como a Fiocruz, com funcionários mal remunerados.

¿Passam para a sociedade a idéia de que é possível fazer um choque de gestão diminuindo o número de pessoas que trabalham. Na verdade o choque de gestão será feito quando a gente contratar mais gente qualificada e mais bem remunerada¿, insistiu. ¿Se a gente quiser recuperar o atraso a que o Brasil foi submetido, nós vamos ter que contratar mais gente.¿ Desde sua posse, em 2003, o governo contratou 100 mil servidores.

Ao prometer ao diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, Akira Homa, que não faltarão recursos para a área de vacinas, o presidente disse que é natural que os ministros da área econômica queiram fazer superávit. ¿Nós é que temos de mostrar que não precisa ter dinheiro em caixa se este dinheiro estiver prestando serviço à sociedade brasileira.¿

À noite, em cerimônia de homenagem aos 180 anos do Jornal do Commercio, Lula afirmou que não teria sido eleito se não houvesse liberdade de imprensa no País e que o leitor é o ¿grande fiscal¿ da independência da imprensa. Ele disse que o que importa não é que a imprensa fale bem ou mal do governo, mas ter uma imprensa que ¿seja imprensa¿. ¿Pobre do governante que se preocupa com notícias negativas demais. Os dois extremos não são bons¿, declarou.