Título: Para Mantega, FHC terceirizava máquina
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2007, Nacional, p. A12

Ministro defende ampliação do funcionalismo e acusa gestão anterior de ¿ocultação¿ de servidores

A exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu ontem a contratação de novos funcionários públicos e afirmou que no governo Fernando Henrique Cardoso havia uma ¿ocultação¿ de servidores com o uso de pessoal terceirizado. Segundo ele, uma parte dos novos servidores está sendo contratada para substituir esses terceirizados ¿que eram usados no governo anterior¿.

¿Até por obrigação legal, o governo foi instado a fazer essa substituição¿, disse Mantega. Ele argumentou que os servidores concursados são de melhor qualidade, mais eficientes e mais adequados ao cargo do que os terceirizados. De acordo com o ministro, o governo tem contratado novos funcionários também para substituir aposentados e melhorar a eficiência do Estado. Ele observou ainda que a maioria das contratações previstas na proposta de Orçamento da União para 2008 é destinada ao Judiciário, e não ao Executivo.

Mantega disse que o governo tem de procurar exercer suas funções com mais eficiência. ¿Isso significa ter atendimento melhor à população, combater mais a corrupção e, para isso, precisa ter mais policiais federais, médicos, hospitais e funcionários para acelerar a liberação de licenças ambientais e assim por diante.¿

CHOQUE DE GESTÃO

Após reunião com o ministro, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), discordou dessa tese e criticou a declaração feita na véspera pelo presidente Lula, segundo a qual choque de gestão significa contratar mais pessoas ao serviço público.

¿Devo discordar frontalmente dessa declaração atribuída ao presidente Lula. Choque de gestão na verdade é gastar menos com a estrutura do Estado e mais com as pessoas onde elas estão, por meio dos investimentos sociais e de infra-estrutura¿, disse Aécio, que afirmou que seu governo efetivamente tem promovido o choque de gestão.

Na segunda-feira Lula defendeu a expansão do funcionalismo e se queixou de o Senado não ter aprovado a medida provisória que criava a Secretaria de Ações de Longo Prazo. Na opinião do presidente, o verdadeiro choque de gestão se dá com a contratação de funcionários públicos qualificados e bons salários.

¿Toda vez que se fala em fazer investimento, em contratar funcionários, as pessoas têm uma predisposição de ser contra¿, reclamou o presidente, na ocasião. Para ele, é preciso ¿ter coragem de ser ousado¿. ¿Se a gente quiser recuperar o atraso a que o Brasil foi submetido, nós vamos ter de contratar mais gente.¿

Desde o início do governo, em 2003, a União já contratou 100 mil servidores.