Título: Bradesco questiona compras feitas pelo Banco do Brasil
Autor: Fregoni, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2007, Economia, p. B7

Para Márcio Cypriano, processo de incorporação tem falhas e seria necessária uma concorrência pública

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, disse ontem que o banco está colhendo pareceres jurídicos sobre o processo de incorporação de instituições financeiras públicas pelo Banco do Brasil (BB). ¿Essas análises têm indicado que a entrega do controle acionário dos bancos ao BB é uma privatização, já que este é uma pessoa jurídica de economia mista. Assim, seria necessária uma concorrência pública¿, afirmou.

Cypriano disse que foi ¿surpreendido¿ com as notícias sobre as incorporações. O BB, maior instituição financeira brasileira, com controle federal, deve incorporar o Banco de Santa Catarina (Besc), o Banco do Estado do Piauí e o Banco de Brasília. O processo do Besc é o mais adiantado e já está em fase de conclusão. ¿Pelo preço de incorporação do Besc, nós também o compraríamos.¿

Segundo o executivo, os pareceres mostram que a incorporação é desvantajosa para os Estados. ¿Se fosse realizada concorrência pública, vários bancos participariam e o preço seria maior.¿ Diante desse cenário, Cypriano disse que o Bradesco ¿defenderá seus interesses¿. Ele não adiantou, porém, se o banco recorrerá à Justiça para impedir tais incorporações.

O executivo ainda destacou que o Bradesco discute com o governo federal na Justiça a gestão da folha de pagamento dos servidores públicos de Santa Catarina. O Bradesco espera uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para reaver a administração dos salários desses funcionários.

Segundo ele, o governo de Santa Catarina fez uma licitação no fim de 2006 para a escolha do banco que administraria a folha dos servidores. O processo foi vencido pelo Bradesco, que pagou R$ 210 milhões. Também participaram da concorrência Itaú, Santander e HSBC.

Logo depois, houve uma impugnação do processo pelo governo federal. A alegação foi que o banco havia sido federalizado e a folha de pagamento dos servidores é um ativo da instituição, não podendo ser licitada pelo governo estadual. O Bradesco recorreu ao STF.

BANCO POSTAL

Cypriano reafirmou que o banco não foi procurado pelo governo para reavaliar o contrato do Banco Postal. Ele destacou, porém, que ¿está sempre disponível para conversar com parceiros¿.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, tem dito que pretende revisar as receitas geradas pelo Banco Postal, resultado de uma parceria entre o Bradesco e os Correios. A idéia seria renegociar o contrato com a instituição financeira e reestruturar os serviços oferecidos.

Cypriano destacou que o contrato de correspondente bancário fechado com os Correios vai até 2011 e que foi feito após licitação, em 2001. O acordo envolveu pagamento de R$ 201 milhões pelo Bradesco e a remuneração pela instituição aos Correios por serviço prestado, como abertura de conta corrente.