Título: ONU e líderes pressionam Mianmá
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2007, Internacional, p. A24

Conselho dos Direitos Humanos se reunirá para discutir situação birmanesa e governos rechaçam violência no país

A pressão internacional contra Mianmá (ex-Birmânia) foi intensificada ontem com protestos de líderes europeus e o anúncio de que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU fará uma sessão extraordinária, na terça-feira, para discutir a situação no país. O encontro será em Genebra e terá a participação de representantes de mais de 40 países.

A comissária de Relações Externas da União Européia, Benita Ferrero-Waldner, fez um apelo aos países vizinhos de Mianmá - principalmente China e Índia - para que ajudem a pressionar o regime birmanês a deixar de lado a violência, respeitar os direitos humanos e promover um diálogo político genuíno.

O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, também exortou as autoridades chinesas e indianas a utilizar sua influência sobre o governo birmanês. ¿É preciso convencer (a junta militar) a atuar com moderação, para que o país possa recuperar sua dignidade¿, escreveu Prodi em uma mensagem enviada aos premiês Wen Jiabao (China) e Manmohan Singh (Índia).

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, pediu que a junta birmanesa ponha fim ¿à opressão e ao uso da força¿. O governo alemão condenou ¿com absoluta firmeza¿ as autoridades de Mianmá por terem recorrido à força.

Fora da Europa, o primeiro-ministro do Japão, Yasuo Fukuda, lamentou a morte, na quinta-feira, do cinegrafista japonês Kenji Nagai, que registrava a repressão militar contra os manifestantes em Rangum. Tóquio afirmou que enviará representantes para investigar a morte, mas não suspenderá a ajuda humanitária que concede a Mianmá.

O Vietnã fez uma apelo ¿a todas as partes envolvidas nos últimos acontecimentos¿ para que ¿atuem com calma¿ e pediu que elas iniciem negociações para estabilizar a situação. Importante figura da dissidência comunista vietnamita, o representante da Igreja Budista Unificada do Vietnã, Thich Quang Do, pediu uma ¿ação urgente da ONU para pôr fim à repressão da manifestação pacífica do povo birmanês¿.

A presidente das Filipinas, Gloria Arroyo, exortou a junta militar birmanesa a libertar todos prisioneiros políticos, especialmente a líder da oposição e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, em prisão domiciliar há quatro anos.

O enviado especial da ONU para Mianmá, Ibrahim Gambari, chegou ontem a Cingapura, de onde seguirá hoje para Rangum, após ter finalmente obtido permissão do governo birmanês para entrar no país.