Título: Ucrânia: eleição opõe Rússia e Ocidente
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2007, Internacional, p. A29

Aliança tenta barrar favoritismo de candidato pró-Moscou em votação para o Parlamento

O partido do primeiro-ministro da Ucrânia, Viktor Yanukovich, liderava ontem as preferências para a eleição parlamentar de amanhã. Influência predominante na região oriental de fala russa do país, o ligeiro favoritismo de Yanukovich causou uma reconciliação de último minuto entre seus divididos adversários pró-ocidentais.

A eleição foi antecipada para pôr fim a um impasse político que opunha políticos leais a Yanukovich aos partidários do presidente Viktor Yushchenko, eleito depois dos protestos maciços de 2004 que ficaram conhecidos como Revolução Laranja.

Analistas prevêem que o eleitorado dividirá seus votos entre o partido de Yanukovich e a coalizão que reúne partidários de Yushchenko e de sua aliada circunstancial, Yulia Timoshenko.

A vitória do Partido das Regiões, de Yanukovich - com forte apoio principalmente no leste e sul do país -, ampliaria a possibilidade de que ele permanecesse como primeiro-ministro. Mas Yulia, a loura ex-primeira-ministra e heroína da Revolução Laranja, é também provável candidata ao cargo de premiê.

Os partidos de Yulia e Yushchenko são mais populares nas regiões central e ocidental, onde os sentimentos nacionalistas são mais intensos e os eleitores esperam estreitar os laços com a Europa e o Ocidente.

O bloco de Yulia deve ficar em segundo, seguido pelo Grupo Nossa Ucrânia-Autodefesa Popular, pró-Yushchenko. Mas, se eles acertarem uma aliança de último minuto, suas forças combinadas poderão sobrepujar as de Yanukovich no Parlamento.

Yushchenko fez um apelo à unidade das ¿forças laranjas¿, antes divididas, sugerindo que poderia apoiar Yulia para premiê.

¿Gostaria de dizer que só temos uma opção: formar uma coalizão democrática. Ponto¿, disse Yushchenko num encontro com Yulia na quinta-feira. ¿Não haverá nenhuma outra coalizão.¿

Yuri Lutsenko, líder do Nossa Ucrânia-Autodefesa Popular, previu que a coalizão majoritária entre seu partido e o de Yulia seria formada um dia depois da eleição.

¿Estou convencido de que a Ucrânia alcançará uma maioria democrática pró-ucraniana¿, disse ele, ontem, a milhares de seguidores no centro de Kiev.

Yulia vem propondo esse pacto há tempos e elogiou a decisão do presidente. ¿Acredito na nossa vitória, a vitória da democracia, que aprendemos com os erros e trabalharemos com mais eficiência¿, disse Yulia.