Título: Na hora do julgamento, deputado troca PT pelo PDT
Autor: Recondo, Felipe e Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2007, Nacional, p. A4

Paulo Rubem diz que seu caso se inclui nas exceções previstas pelo TSE

No mesmo momento em que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começavam a julgar ontem se os deputados que mudaram de partido deveriam ou não perder o mandato na Câmara, mais um deputado oficializava o troca-troca. No gabinete da liderança do PDT, o deputado Paulo Rubem Santiago (PE) assinou sua ficha de filiação, deixando o PT, legenda que ajudou a fundar. A troca não alterou a configuração da base, porque Paulo Rubem se manteve em partido governista.

¿Estou em situação peculiar. Não é por fisiologismo, não é por obtenção de vantagens nem por interesse pessoal¿, afirmou o ex-petista. ¿Há divergências programáticas e do ponto de vista ético com o PT.¿ O deputado disse estar convicto de que, qualquer que seja a decisão do Supremo, o mandato dele estará garantido. Ele considera que seu caso é previsto nas exceções da regra segundo a qual o mandato pertence ao partido, e não aos deputados, e argumenta que são permitidas mudanças partidárias por divergência programática e ideológica do parlamentar com a legenda.

¿Ele não está ameaçado porque esse é um caso que se coloca na exceção estabelecida pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE)¿, afirmou o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ). Entre as divergências com o partido, Paulo Rubem lembrou que foi punido pelo PT com suspensão porque votou contra a proposta de reforma da Previdência do presidente Lula. Afirmou que fez diversos pronunciamentos críticos à política macroeconômica do governo, que ficou contra a concessão de status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e que foi vencido quando defendeu punição aos petistas acusados de corrupção.

¿Estou muito tranqüilo. Se houver a abertura de processo no TSE, eu vou poder me defender¿, afirmou. O deputado disse que a filiação ontem, mesmo dia do julgamento no Supremo, foi uma ¿coincidência¿. A data da filiação, alegou, foi em decorrência do processo de entendimento que estava fazendo com os partidos para os quais poderia se transferir. Ele avaliou também a hipótese de se filiar ao PSB.

A insatisfação de Paulo Rubem com o PT vinha se acentuando a cada dia. Pré-candidato à prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (PE) nas próximas eleições, ele ficou sem o apoio do partido. Neste ano, outro atrito com a bancada da Câmara provocou ressentimentos. Paulo Rubem foi indicado para ser o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas acabou destituído enquanto articulava seu parecer porque o PT decidiu ceder o espaço para o PP.