Título: Pyongyang desliga reator este ano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2007, Internacional, p. A18

Acordo estabelece 31 de dezembro como limite para o fim do programa nuclear norte-coreano

Pequim - A Coréia do Norte aceitou desativar definitivamente sua única usina nuclear, a de Yongbyon, e outras duas instalações atômicas até 31 de dezembro. O compromisso faz parte de um acordo fechado ontem em Pequim entre negociadores da China, EUA, Japão, Rússia e das Coréias do Norte e do Sul. O pacto veio depois de um recesso de dois dias nas negociações, iniciadas há uma semana.

O vice-chanceler chinês, Wu Dawei, confirmou o desmantelamento de todas as três instalações nucleares da Coréia do Norte. ¿O reator de Yongbyon, a unidade de processamento e a de fabricação de barras de combustível estarão desativadas até 31 de dezembro de 2007¿, disse Wu, que anunciou também que os EUA financiarão a etapa inicial do acordo.

Nos EUA, o presidente dos EUA, George W. Bush, comemorou muito o acordo. Em discurso para empresários na Pensilvânia, Bush disse que o caso norte-coreano deve servir de exemplo para o Irã. ¿Se conseguimos negociar com a Coréia do Norte, podemos fazer o mesmo com o Irã¿, disse o presidente. Uma das partes do acordo mais elogiadas por Bush foi a promessa dos norte-coreanos de não transferir tecnologia nuclear para outras nações.

A Casa Branca anunciou que, em troca do fechamento da usina de Yongbyon, os EUA financiarão a melhora na infra-estrutura do país, investindo em usinas hidrelétricas e em locais para armazenamento de combustível. Pelo acordo, a Coréia do Norte deve receber ainda cerca de 950 mil toneladas de petróleo e será retirada da lista negra dos EUA de países que apóiam o terrorismo. Ao lado de Irã e Iraque, a Coréia do Norte foi qualificada por Bush, em 2002, como integrante do que denominou de ¿eixo do mal¿.

A crise nuclear norte-coreana começou em 2002, quando Pyongyang admitiu ter desenvolvido em segredo um programa nuclear, violando um acordo assinado com os EUA, em 1994. Em 2006, a situação agravou-se quando o regime comunista realizou seu primeiro teste nuclear.

As negociações para o fim do programa nuclear norte-coreano, que começaram em 2003, não fazem parte da agenda da reunião dos líderes das duas Coréias, que se realiza em Pyongyang. Nem o presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, nem o líder norte-coreano, Kim Jong-il, não comentaram o acordo.

Roh, no entanto, não escondeu a satisfação. Em seu último dia na Coréia do Norte, ele aproveitou para elogiar as reuniões com Kim. Os dois devem apresentar hoje uma declaração conjunta com o resultado da cúpula.