Título: Brasil é o 5º país procurado por múltis
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2007, Economia, p. B16

Mercado interno vai atrair investidores nos próximos 3 anos; País está atrás apenas de China, Índia, EUA e Rússia

As multinacionais apostam no crescimento do mercado brasileiro e destacam o País como o quinto destino para investimentos nos próximos três anos. Em estudo com empresas de países ricos e emergentes, a ONU aponta China, Índia, Estados Unidos e Rússia como os principais destinos nos próximos anos. O Brasil é mais atrativo que Reino Unido, México, Alemanha, Japão e França.

'A busca por acesso ao mercado brasileiro e as possibilidade de crescimento são os principais motivos que estão atraindo essas empresas', afirmou Jean François Outreville, economista da Conferência da ONU para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad). Para a ONU, os investimentos devem crescer nos próximos três anos.

De quase 200 multinacionais entrevistadas na pesquisa, 22% indicaram o Brasil como um dos locais preferidos para investimentos. Para 13% delas (cerca de 20 empresas), o País seria o principal destino até 2009. A Unctad já vinha colocando o Brasil entre os dez principais destinos de investimentos. Mas os economistas alertam que os rankings anteriores não devem ser comparados ao atual. 'A metodologia e base de cálculo são diferentes', diz Outreville.

Segundo o atual levantamento, o motivo principal do interesse pelo Brasil é a perspectiva de crescimento do mercado interno. Esse foi a razão citada por 29% dos entrevistados. O argumento é o mesmo usado para explicar o interesse por China e Índia. Hoje, 75% do PIB mundial está nos países ricos, mas a ONU interpreta a preferência das empresas pelos emergentes como sinal de que os executivos apostam nesses países.

Um grupo de 24% dos entrevistados aponta o tamanho do mercado como o principal motivo dos investimentos no Brasil. Para 10%, o motivo é a mão-de-obra qualificada e outros 8% destacam o acesso aos mercados sul-americanos. Apenas 7% alegam que os investimentos no Brasil ocorrem pelo acesso aos recursos naturais e 5% mencionam os incentivos governamentais. Outros 3% apontam o ambiente estável e praticamente ninguém estaria vindo ao Brasil para ter maior acesso a capital. Entre os entrevistados, 65% pretendem instalar empresas no País, e não apenas adquirir companhias locais.

No geral, porém, a América Latina não está entre principais destinos de investimentos. Menos da metade dos entrevistados pretende aumentar suas atividades na região. Apenas o Oriente Médio e a África tiveram desempenho pior. Segundo dados da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), o continente precisaria de US$ 80 bilhões por ano em investimentos para construir a infra-estrutura necessária para produzir desenvolvimento.

Entre as regiões, a preferência dos executivos é cada vez maior pela Ásia. O continente é o mais atrativo para 65%. Os EUA e a Europa seguem atraindo empresas, principalmente do setor de alta tecnologia.

BRICs

O levantamento também confirma o interesse das multinacionais pelos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), que ocupam quatro das cinco primeiras posições. A liderança da China, porém, é ampla e o Brasil é o último entre os quatro países. Questionadas sobre o destino de recursos nos próximos três anos, a grande maioria das empresas destaca o mercado chinês.

Para a ONU, tanto China como Índia têm três dos principais fatores para atrair investimentos: amplo mercado consumidor, baixo custo e tecnologia. O levantamento, porém, destaca que os dois países ainda sofrem com um ambiente de investimentos pouco estável, ineficiência do governo, falta de acesso ao capital e de proteção à propriedade intelectual.