Título: Destituição de Simon piora crise no PMDB
Autor: Fontes, Cida., Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2007, Nacional, p. A17

Senadores ameaçam paralisar a Casa com renúncia coletiva na CCJ

A destituição dos senadores do PMDB Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) provocou rebelião na bancada do partido e na oposição. Vários senadores ameaçam paralisar a Casa com a renúncia coletiva dos membros da CCJ. Garibaldi Alves (RN), filiado ao PMDB há 39 anos, disse que Simon e Jarbas são dois dos mais ilustres representantes históricos do partido e que jamais presenciou ¿tamanha agressão¿.

A renúncia coletiva foi anunciada ontem mesmo por Geraldo Mesquita (PMDB-AC) e pode ser adotada na próxima semana se o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), não voltar atrás. A decisão de tirar os dois peemedebistas da CCJ foi formalizada na quinta-feira, em ofício lido em plenário.

O grupo suprapartidário de senadores que já propôs várias medidas de moralização da Casa, incluindo a adoção do voto aberto e da sessão aberta para a votação de pedidos de cassação de mandato, voltará a se reunir para discutir o assunto. ¿Cansei de discursos, temos que fazer alguma coisa¿, reclamou Cristovam Buarque (PDT-DF).

A destituição de Jarbas e Simon foi determinada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dois são contra sua permanência no comando da Casa. A vaga de Jarbas será ocupada por Almeida Lima (SE), defensor de Renan no Conselho de Ética, e a de Simon por Paulo Duque (RJ).

Na sessão de ontem, Cristovam leu requerimentos dirigidos ao líder do PMDB: dois de Heráclito Fortes (DEM-PI), que pede o recuo de Raupp. Eduardo Suplicy (PT-SP) encaminhou ofício à Mesa se solidarizando com Jarbas e Simon.

Se o líder do PMDB não atender aos apelos, outros partidos podem ceder vagas na CCJ, pelo menos de suplente, para Jarbas e Simon. Em nota, o PSDB avaliou que o afastamento foi ¿um ato de violência¿ e teve ¿nítido caráter de represália¿, anunciando que ¿cogita a hipótese de ceder as vagas de que dispõe¿ na CCJ para os dois.

PERSEGUIÇÃO

Garibaldi Alves disse que o afastamento deve provocar conseqüências na bancada, que já está dividida. ¿Estão perseguindo politicamente dois senadores e quebrando a verdadeira doutrina do partido¿, argumento. Para ele, o caso exige não apenas uma manifestação pública de solidariedade aos dois senadores, mas o lançamento de um movimento para trazer o partido ¿de volta a uma atitude digna e fiel ao seu passado de luta¿.

O senador lamentou ainda a destituição dos dois no mesmo dia em que o plenário homenageava outra personalidade histórica do partido - o ex-deputado Ulysses Guimarães. Para Garibaldi, foi um ¿desacato¿ à memória do ex-presidente da Câmara e do partido.