Título: Barclays desiste e Santander põe a mão no ABN Amro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2007, Economia, p. B1

Com recusa da oferta por britânicos, já é certa venda para consórcio liderado pelo banco espanhol

Após sete meses, a corrida pelo maior negócio da história do setor bancário mundial está no fim. A retirada do banco britânico Barclays da disputa pelo holandês ABN Amro praticamente torna vencedor o consórcio formado pelo espanhol Santander, o britânico Royal Bank of Scotland (RBS) e pelo belgo-holandês Fortis, agora os únicos candidatos à compra. Um porta-voz do Santander confirmou essa possibilidade.

Ontem, último dia do prazo para a resposta dos acionistas do ABN Amro, apenas os detentores de 4,4 milhões de ações ordinárias, equivalente a 0,2% do capital, aceitaram a oferta feita pelo Barclays há sete meses. O negócio não deu certo porque, para ser vitorioso, o banco exigia o voto de no mínimo 80% do capital.

Em comunicado, o Barclays anunciou que não foram cumpridas as condições para a aceitação de sua oferta pelo ABN. Sua oferta foi de 33,47 por ação do ABN Amro mais 2,13 ações ( 20,32) de seu capital, somando cerca de 62,1 bilhões, sendo 40% em dinheiro.

A proposta do consórcio liderado pelo Santander, que também exige o mínimo de 89% do capital para fechar o negócio, é cerca de 15% mais alta: 38,40 por ação, equivalente a 71,1 bilhões, dos quais 79% em dinheiro.

DESMEMBRAMENTO

Após fechar a compra, prevista para os próximos dias, o trio do consórcio vai desmembrar a instituição holandesa com base em zonas geográficas. O RBS ficará com o banco de investimento e as atividades na Ásia.

Ao Fortis caberão as operações na Bélgica, na Holanda e em Luxemburgo. O Santander ficará com a parte do ABN na América Latina - incluindo o Brasil, onde controla o Banco Real - e na Itália (Banco Antonveneta).

A decisão do ABN Amro de vender a filial do LaSalle Bank of America nos Estados Unidos, que era parte do acordo com o Barclays, não levou o consórcio a desistir da operação, apesar do interesse do RBS nessa instituição.

A aquisição de parte do ABN significa uma valorização de 15% na ações do Santander nos próximos anos, segundo operadores do mercado. ¿É uma grande operação para o consórcio¿, disse uma fonte. ¿Para o Santander, é uma grandíssima operação, já que conseguirá uma forte posição no Brasil.¿

No Brasil, o Santander, que controla o Banespa, é o sexto maior banco em ativos. Agora, será dono também do Real, considerada uma instituição bem administrada, com a qual poderá ter sinergias interessantes, segundo a fonte.

Para financiar a compra de sua parte no ABN, o presidente do Santander, Emilio Botín, fez uma operação que agradou ao mercado, sem aumentar o capital. Vendeu sua participação no Banco San Paolo, da Itália, fundos de pensão na América Latina e ativos imobiliários.