Título: Para BC, pressões vão além dos alimentos
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2007, Economia, p. B8

Um documento divulgado ontem pelo Banco Central em sua página na internet mostra novos sinais de preocupação com o aumento da inflação. ¿O comportamento dos preços nos últimos meses e o ritmo de crescimento da demanda interna sinalizam que a recente alta da inflação, inicialmente centrada em certos produtos alimentícios, já apresenta alguns sinais de elevações mais generalizadas¿, afirma o texto.

O documento, que traz a programação monetária do quarto trimestre, foi aprovado na última reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). O BC alerta que a mudança de preços deve ser observada com ¿cautela¿ pela política de juros definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) ¿para que seus efeitos pontuais sejam progressivamente dissipados, sem que haja disseminação sobre os demais preços da economia, haja vista o acentuado dinamismo do mercado interno¿.

O BC já havia feito um alerta sobre a possibilidade do forte crescimento da demanda resultar em alta da inflação na ata da última reunião do Copom. E voltou a manifestar o mesmo temor no último relatório trimestral de inflação, divulgado no mês passado. Os alertas foram entendidos pelos analistas do mercado como um recado de que o processo de redução gradual da taxa de juros, a Selic, deverá ser interrompido na próxima reunião do Copom, nos dias 16 e 17 deste mês.

O documento divulgado ontem afirma que as expectativas para os próximos meses são de ¿relativa acomodação¿ no ritmo de crescimento do consumo, por causa da alta menos acentuada da renda, provocada pelos aumentos recentes dos preços dos alimentos, e de eventuais reflexos da crise financeira internacional sobre a confiança do consumidor. ¿Esse movimento, entretanto, não deverá exercer impacto relevante sobre o dinamismo da demanda interna, que deverá seguir sustentando a continuidade do crescimento da economia¿, ressalta o texto.

O crescimento das operações de crédito, segundo o BC, evidencia a continuidade da expansão da demanda interna. O documento ressalta, ao mesmo tempo, que o aumento da volatilidade dos mercados e a inadimplência não afetaram os empréstimos bancários de ¿forma especialmente relevante¿. Considera ainda que a elevação dos custos de financiamento provocados pela instabilidade poderá resultar em contenção dos investimentos, que têm crescido de maneira favorável.