Título: Aneel admite racionamento
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2007, Economia, p. B11
O diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, admitiu em palestra na Câmara de Comércio França-Brasil que o País poderá ter racionamento de energia nos próximos anos. Se isso vier a acontecer, porém, será diferente de 2001, quando houve corte de energia para todo tipo de consumidor.
Kelman prevê que o problema ficará restrito aos consumidores que migraram para o mercado livre. ¿Espero que o País não venha a precisar fazer corte de energia como em 2001. Mas, se for necessário, ficará restrito aos consumidores livres¿, previu.
Segundo ele, embora o universo se restrinja a apenas 600 grupos empresariais, os consumidores livres já respondem por quase 30% do consumo total de energia elétrica no País. Esse quadro é diferente do observado em 2001, quando o mercado livre era praticamente inexistente. Esse tipo de racionamento, restrito aos grandes consumidores, foi adotado pelo governo argentino entre junho e agosto, sem ampliar a restrição a toda a população.
Kelman considera que o País está conseguindo equacionar a questão do gás natural na matriz energética. ¿Olhando para trás, vejo que a nossa posição (da Aneel) de exigir que o fornecedor (a Petrobrás) garantisse o gás para as térmicas estava certa. O gás está aparecendo. Para nós, de nada adianta um carro sem combustível. Agora, apareceu combustível para o carro, o que dá mais garantia para o setor elétrico.¿
Sobre o leilão da Usina Santo Antônio, no Rio Madeira (RO), Kelman acentuou que a prioridade da agência é garantir que seja o mais competitivo possível. O presidente do Grupo Suez no Brasil, Maurício Bahr, está preocupado com ¿o poder de escolha¿ que o grupo Eletrobrás adquiriu na disputa do leilão. O Suez fez parceria com a Eletrosul para disputar o leilão do Madeira. ¿As quatro subsidiárias da Eletrobrás (Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul) fizeram acordos com agentes privados de forma separada. Eu gostaria de saber como a Eletrobrás vai tratar, sem que isso indique uma escolha prévia do vencedor¿, perguntou Bahr.