Título: AIE diz que mudança preocupa
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2007, Negócios, p. B8A

Para agência, redução do lucro afasta petroleiras

A Agência Internacional de Energia (AIE) destaca que os países latino-americanos produtores de petróleo estão se sentindo ¿poderosos¿ diante dos novos preços internacionais do barril e que, por isso, estão tomando medidas como a que foi anunciada pelo Equador.

Na quinta-feira, Quito baixou um decreto determinando que o Estado ficará com 99% dos lucros extras obtidos pelas empresas estrangeiras de petróleo que operam no país. A medida teria efeito todas as vezes que o preço do barril passasse de um certo nível e deve afetar a Petrobrás.

A lei anterior, vigente desde abril de 2006, previa distribuição igualitáia de 50% desses lucros para o Estado e 50% para as empresas.

¿Hoje, o preço do barril permite que esses governos sintam-se poderosos¿, afirmou o vice-diretor-executivo da AIE, William Ramsey, que já foi o responsável do Departamento de Estado americano para questões energéticas.

¿Medidas como essa são preocupantes, pois os investidores vão pensar duas vezes antes de fechar um negócio nesses países¿, disse. ¿Qualquer reabertura de acordos é complicada e pode afastar empresas de um mercado¿, afirmou Ramsey. Ele lembra que o Equador segue a tendência iniciada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

¿Para os governos que negociaram os contratos de exploração no começo dos anos 90, quando o barril petróleo custava US$ 18, a lógica é buscar uma nova realidade que lhes permita também tirar proveito dos novos valores, que chegam a US$ 80 e não vão cair nos próximos meses¿, disse. ¿A questão é como renegociar os acordos para não prejudicar as empresas.¿

A petrolífera espanhola Repsol YPF minimizou os efeitos da decisão do governo do Equador. Fonte da empresa em Madri disse à Agência Estado que ¿o impacto será mínimo¿ e explicou que ¿a produção da Repsol no Equador é de apenas 0,8% do total da produção mundial¿, o equivalente a 15 mil barris por dia sobre um milhão de barris diários. Além disso, continuou, ¿o imposto não é sobre a produção ou lucros líquidos¿.