Título: Lei mais dura para imigração avança no Senado francês
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2007, Internacional, p. A28
Projeto, aprovado em primeira votação, recebe duras críticas da oposição; principal objeção é teste de DNA
O Senado francês aprovou em primeira votação ontem um projeto de lei que endurece as regras para a entrada de imigrantes na França. As novas normas - que ainda passarão por outra votação na Assembléia Nacional e no Senado - foram duramente criticadas pela oposição e até por membros do governo do presidente Nicolas Sarkozy.
A principal objeção é em relação à emenda que prevê submeter parentes de imigrantes legais a testes de DNA para que obtenham também um visto de permanência francês. Para conseguir a aprovação no Senado, o ministro da Imigração da França, Brice Hortefeux, teve de fazer uma série de concessões, entre elas, a que encarrega o governo francês dos custos do teste - caso as autoridades de imigração solicitem, judicialmente, sua realização.
Mesmo assim, a proposta foi duramente criticada. A Comissão Nacional de Ética (privada)questionou a legalidade do projeto. ¿Uma identificação biológica aplicada apenas a estrangeiros, que converte a origem genética num fator importante, vai contra o espírito da lei francesa¿, disse a comissão num comunicado. A proposta também foi recebida com críticas por países africanos, que vêem o plano de Sarkozy como discriminatório. O novo projeto exige também que o candidato a imigrar comprove conhecimento da cultura e língua francesa e tenha capacidade para sustentar-se financeiramente. Além do novo projeto de imigração, Sarkozy - que se elegeu com uma plataforma de fortalecimento da identidade nacional - estabeleceu ainda cotas para expulsão de imigrantes ilegais. Até o fim do ano, a França deve deportar 25 mil ilegais.
Em Saint-Dizier, a 200 quilômetros de Paris, mais de 40 jovens destruíram e incendiaram vários carros - entre eles dois da polícia - na quinta-feira à noite. A população da área é predominantemente de jovens descendentes de imigrantes do norte da África. Um centro comunitário também foi incendiado durante a onda de vandalismo. As autoridades ainda investigam o que causou a revolta.
Apesar de os distúrbios aparentemente não terem ligação direta com o projeto de imigração, eles preocuparam os franceses. Em 2005, quando jovens dos subúrbios franceses queimaram mais de 5 mil carros em protesto contra o desemprego e políticas que, segundo eles, discriminavam imigrantes e seus descendentes.
Em meio ao difícil momento político de Sarkozy, o Palácio do Eliseu teve de lidar ainda com rumores sobre a separação do presidente e da mulher, Cecília. O porta-voz do governo, David Martinon, recusou-se ontem a comentar o assunto (ler ao lado). ¿Não comento todos os rumores que circulam pelas redações de jornais, muito menos esse¿, disse Martinon.