Título: Decisão sobre fidelidade complica votação da CPMF
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2007, Nacional, p. A5
Demóstenes e Lobão, que estavam de malas prontas para partidos da base governista, decidiram ficar na oposição
O Palácio do Planalto tem apenas mais 24 horas para concluir a ofensiva de cooptação de senadores do DEM e garantir o mínimo de 49 dos 81 votos do Senado para aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reúne-se amanhã para decidir se os mandatos majoritários (senador, prefeito, governador e presidente da República) pertencem aos partidos ou aos eleitos. A consulta foi feita pelo PT do Acre.
A tendência do TSE é reafirmar a fidelidade partidária, criando uma dificuldade a mais na operação palaciana. ¿Estamos vivendo fase muito boa no que se refere à prevalência dos princípios. Não acredito na hipótese de o TSE decidir contra a fidelidade reafirmada no caso das eleições proporcionais, porque o sistema fica capenga¿, afirmou o presidente do tribunal, Marco Aurélio Mello.
SÓ DOIS
Dos seis ¿cooptáveis¿ do DEM que o Planalto tentava atrair, os senadores Demóstenes Torres (GO) e Edison Lobão (MA), que iriam para a base governista, decidiram permanecer na oposição. Ao menos até agora, só dois senadores democratas confirmaram a mudança para a base aliada: César Borges (BA), agora no PR, e Romeu Tuma (SP), que foi para o PTB para garantir legenda e concorrer à reeleição em 2010.
A conversa de mais de uma hora que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve com Demóstenes há cerca de 20 dias não surtiu efeito. Nela, Lula lhe prometeu apoio do PT goiano, numa eventual disputa com o PSDB do senador Marconi Perillo pelo governo de Goiás. Nem assim ele aceitou.
¿A possibilidade de eu sair do DEM agora é zero¿, resumiu Demóstenes, ao lembrar que cogitou trocar de partido porque pretende prosseguir na carreira política e o DEM não lhe garantia legenda. O líder no Senado, José Agripino Maia (RN), convocou uma reunião extraordinária da Executiva Nacional e garantiu ao senador que ele terá a legenda para disputar a reeleição ou o governo goiano, o que quiser. ¿Eu nunca quis mudar e agora não tenho razão para sair¿, disse Demóstenes.
Lobão também já informou à direção do DEM que desistiu de se mudar para o PMDB. Apesar da pressão de amigos influentes como o senador José Sarney (PMDB-MA) e a líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), ele fica no DEM, que no Maranhão é comandado por sua mulher, deputada Nice Lobão.
Sondado pelo governo para aderir à base aliada, o senador Adelmir Santana (DEM), que preside a Federação do Comércio do Distrito Federal, deu sinais de que fica onde está: ¿Podem ficar tranqüilos. Por origem, princípio, convicção e até por fidelidade partidária sou e serei contra a prorrogação da CPMF¿, disse esta semana.
A cúpula do DEM também não acredita que os senadores Jayme Campos (MT) e Jonas Pinheiros (MT) deixem a legenda. Os dois estavam insatisfeitos com o partido por conta da obstrução à indicação de Luiz Antonio Pagot para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), mas o indicado acabou aprovado e o problema foi resolvido.