Título: Prazo de filiação acaba e partidos discutem candidatos para 2008
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/10/2007, Nacional, p. A8

Disputa em São Paulo envolve dilema para tucanos entre lançar Alckmin e apoiar Kassab

Os principais partidos brasileiros já sabem com quem podem contar nas eleições municipais de 2008, terminado o prazo para novas filiações e trocas de legenda. O PT quer se reabilitar no Sul-Sudeste, onde teve performance tímida em 2004 (o que se repetiu nas eleições presidenciais), mas seu alvo maior é recuperar a Prefeitura de São Paulo, que também é um dilema para o PSDB. Os tucanos ganharam a capital em 2004, mas hoje ela está com o DEM, que tentará mantê-la.

Marta Suplicy é a candidata natural do PT em São Paulo, afiança o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). O partido tem ainda outros nomes, como os deputados Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara, e José Eduardo Martins Cardozo. O PT está apostando na divisão entre o PSDB e o DEM, que aparenta ser inevitável, conta o secretário-geral do partido, Joaquim Soriano. O PSB pode lançar a deputada Luíza Erundina.

DILEMA TUCANO

O PSDB vive um dilema: o ex-governador Geraldo Alckmin já se lançou candidato e não admite recuar; mas o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), antigo vice de José Serra, melhora gradativamente na avaliação popular e começa a se consolidar como candidato viável. A aliança PSDB-DEM (ex-PFL) não existe mais no plano nacional, mas o hoje governador Serra quer mantê-la em São Paulo.

¿Não há dúvida, nós vamos com Alckmin, um candidato forte, com boa perspectiva de chegar ao segundo turno¿, diz o líder tucano na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio. E o antigo aliado Kassab? ¿Tem de haver compreensão de que Alckmin é um candidato mais forte para enfrentar nosso maior adversário em São Paulo¿, acrescenta Pannunzio.

No Rio de Janeiro, o PT tende a apoiar o candidato do governador Sérgio Cabral (PMDB) - deve ser o ex-tucano Eduardo Paes, que fracassou na disputa do governo estadual em 2006, conseguindo apenas 5% dos votos. O PP apoiará o candidato de Cabral, antecipa o senador Francisco Dornelles, presidente do partido. O DEM, que hoje controla a prefeitura, terá candidato próprio, assegura o ex-deputado Saulo Queiroz, da Executiva Nacional, e fará um acordo com o ex-governador Anthony Garotinho.

O PSDB, que acaba de perder suas duas maiores expressões no Estado - Paes (para o PMDB) e o ex-deputado Ronaldo Cezar Coelho (para o DEM) - não terá outra saída senão apoiar Denise Frossard (PPS), que abandonou os tucanos em 2005 porque não a deixaram ser candidata contra Cabral. ¿Denise tem chance real de vencer no Rio¿, brada desde já Roberto Freire, presidente do PPS.

Em Belo Horizonte, onde o PT venceu duas eleições seguidas com extrema facilidade, o quadro ainda é obscuro. O governador Aécio Neves (PSDB) fará força para eleger o prefeito, agora que seu amigo Fernando Pimentel (PT) deixará a prefeitura. Nenhum partido adiantou nomes para concorrer na capital mineira. Todos parecem estar à espera da definição do candidato de Aécio.

Em Porto Alegre, o prefeito José Fogaça trocou o PPS pelo PMDB que antes o hostilizava. O PC do B acredita na candidatura da deputada Manuela D¿Ávila, a mais votada do Estado em 2006; o PSB vai de Beto Albuquerque, seu líder na Câmara; o PT deverá escolher Miguel Rossetto; e o PSDB da governadora Yeda Crusius terá candidato.

Em Curitiba, desenha-se uma disputa fácil para o prefeito Beto Richa (PSDB), que vai para a reeleição contra Gleisi Hoffman, mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento). O DEM ainda não tem candidato e pode apoiar o tucano, que já garantiu por antecipação o apoio do PSB, partido do vice de Richa. ¿Lá, temos uma aliança histórica com o PSDB, que vai continuar¿, disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

Em Salvador, o PDT vai para a reeleição com João Henrique, mas sem contar com o aliado federal PSB, que terá a candidatura da ex-prefeita Lídice da Mata. No Recife, o deputado estadual José Costa (PT) já se lançou, mas o governador Eduardo Campos (PSB) terá candidato. Do outro lado, o PPS lançará o deputado Raul Jungmann, numa possível aliança com o PMDB e o PSDB; e o DEM terá o ex-governador Mendonça Neto.

Em Fortaleza, a prefeita Luizianne Lins (PT) deverá ter apoio do PSB, garante Casagrande, apesar de a senadora Patrícia Sabóia (PDT) ter-se lançado, com a expectativa de ser apoiada pelo ex-marido, Ciro Gomes, e pelo ex-cunhado, o governador Cid Gomes (PSB). A oposição não tem chance.