Título: Vencedor passou infância entre o orfanato e as ruas
Autor: Amorim, Cristina
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/10/2007, Vida&, p. A16
O Nobel que o ítalo-americano Mario Capecchi, de 70 anos, recebe é o ápice de uma vida dedicada à ciência, apesar da infância difícil. Ele passou dos 4 aos 9 anos vagando pela Itália, entre orfanatos e a rua, após sua mãe, Lucy, ser levada ao campo de concentração nazista de Dachau, na Alemanha.
Em entrevista dada em 1997 a uma revista da Universidade de Utah, onde ainda hoje trabalha, ele contou que, até os 4 anos, viveu com sua mãe - poliglota e poetisa - nos Alpes italianos. Quando a 2ª Guerra Mundial começou, ela se antecipou à prisão, vendeu seus bens e mandou o filho e recursos para que amigos cuidassem dele.
¿De alguma maneira, o dinheiro que minha mãe me deixou acabou¿, conta Capecchi.
Ele vagou pelo país até ser hospitalizado com desnutrição severa na cidade de Reggio Emelia, onde sua mãe, liberta de Dachau, o encontrou, após um ano de buscas, no dia do seu nono aniversário. Os dois partiram para os EUA. Lá Capecchi foi matriculado pela primeira vez em uma escola, já na 3ª série - apesar de não saber falar inglês. Em 1961, formou-se em física e química - biologia aprendeu na prática, em laboratórios do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Sua mãe, lembra, nunca se recuperou dos traumas da guerra. ¿Ela mudou imensamente. Ficou irreconhecível. Viveu essencialmente em um mundo de imaginação.¿