Título: Delegado cobra mais autonomia para PF
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2007, Nacional, p. A10

Chefe de combate ao crime organizado nega excessos

O delegado da Polícia Federal Roberto Troncon Filho, chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado, defendeu ontem ¿maior autonomia para a PF em relação ao Poder Executivo¿. Pediu autonomia funcional, administrativa e financeira. ¿Autonomia política é desejável sempre¿, insistiu. ¿O órgão de Polícia Judiciária tem um papel fundamental que é o de investigar crimes praticados por quem quer que seja. Não pode haver dois tipos de investigação, uma para aquela camada popular da sociedade para quem vale a lei e outra para o cidadão que ocupa cargo público relevante ou que tem influência em razão do seu poder econômico.¿

Ele se contrapôs aos que fustigam a PF e a ela atribuem excessos. ¿Os que se posicionam contra maior autonomia para os órgãos policiais falam em Estado policialesco, em Estado de repressão. Mas essa é uma frase vaga¿, afirma. ¿A lei é assim, ela é válida para o mais rico e para o mais pobre, para aquele que ocupa cargo público ou não. O que se espera é que não haja nenhuma influência política sobre a atividade de investigação criminal por parte dos órgãos de Polícia Judiciária.¿

Para Troncon, ¿o controle permanente da atividade policial é importante e necessário, inclusive o controle externo por parte do Ministério Público¿. Ele ressaltou: ¿Considero medida salutar a adoção de mecanismos de proteção legal para que a polícia possa investigar também os escalões superiores do Poder Executivo.¿

Troncon participou em São Paulo do 13º Seminário Internacional, promovido pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Ibccrim). Ele advertiu que eventual limitação do prazo de interceptação telefônica submeterá as investigações a ¿grandes dificuldades¿. Destacou que essa é uma opinião pessoal. A Câmara discute mudanças na lei do grampo. Juristas como o criminalista Maurício Zanóide condenam ¿o prazo ilimitado praticado atualmente¿.

¿A polícia cumpre a lei¿, diz Troncon. ¿Se a lei for alterada, evidentemente vamos nos adequar. O que deve ser observado pelos legisladores é se a alteração da legislação vai contribuir ou permitir que os órgãos de repressão do Estado consigam realizar suas atividades com sucesso, com eficácia.¿