Título: Sanções ao Irã opõem Sarkozy e Putin
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2007, Internacional, p. A14

Líder francês admite em Moscou divergências com presidente russo

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou ontem que ele e o presidente russo, Vladimir Putin, têm visões semelhantes relativas ao programa nuclear iraniano, mas discordam das reais intenções do governo do líder do Irã, Mahmud Ahmadinejad. A França defende a adoção de mais sanções contra o regime de Teerã no Conselho de Segurança da ONU, proposta que Putin rejeita.

Sarkozy fez ontem sua primeira visita a Moscou, onde jantou com Putin na residência oficial de Novo-Ogaryovo. O líder francês disse que também conversou com Putin sobre a possível independência de Kosovo, sem revelar detalhes.

'Em relação ao Irã, tenho a impressão de que nossas posições aproximaram-se em relação à análise da pesquisa nuclear iraniana', afirmou Sarkozy. Ele admitiu, no entanto, que ele e Putin não concordaram no que Teerã pretende fazer com seu programa de enriquecimento de urânio.

O Conselho de Segurança da ONU já emitiu sanções contra o programa nuclear de Teerã - considerado uma ameaça para o Ocidente pelo governo dos Estados Unidos. O Irã nega as acusações e afirma que suas intenções nucleares são 'pacíficas'.

A Rússia é contra novas sanções do Conselho de Segurança a Teerã porque acredita que atitudes semelhantes poderiam ser prejudiciais à crise atual. Putin está de viagem marcada para o Irã na semana que vem.

Antes de embarcar para Moscou, Sarkozy se disse a favor de novas sanções contra o Irã. 'Estamos falando de proteger nossa segurança coletiva do perigo de uma proliferação nuclear e eu não vou ceder em uma questão de tamanha importância', disse Sarkozy em entrevista ao jornal estatal russo Rossiiskaya Gazeta. 'Ninguém pode colocar em dúvida a seriedade e determinação da França nesse assunto.'

Sarkozy também acusou a Rússia de ter uma política 'brutal' na distribuição de energia na região. 'Quando a Rússia, sem avisar, interrompe o fornecimento de energia para parte da Europa, prejudica a confiança.' Sarkozy e Putin se reunirão hoje para dar uma entrevista coletiva.